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Depois de interromper o subsídio que garantia a integração do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana – o que forçou o rompimento do convênio entre a Comec e a Urbs –, o governador Beto Richa viu em Paris como funciona um VLP (Veículo Leve sobre Pneus). Achou bacana e voltou querendo implantar o sistema para interligar os municípios da região metropolitana, vizinhos a Curitiba.

Divulgação

Unânime

O Ministério Público de Contas (MPC) não é foi único órgão do Tribunal de Contas do Paraná a detectar irregularidades nas contas de 2014 do governo estadual. Também a Diretoria de Contas Externas (DCE) apontou inúmeras e graves falhas e produziu relatório de 121 páginas com 14 ressalvas, 5 determinações e 9 recomendações. O MPC pediu a rejeição das contas; já a DCE seguiu a tradição, porém com mais rigor.

Enganosa

O deputado Nereu Moura (PMDB) usou a Lei de Acesso e conseguiu informação preciosa: o governo não contratou 10 mil policiais como propagandeia, mas apenas 7 mil desde 2011. No período, saíram 2.600. Logo, o incremento foi de apenas 3.400 homens. O Paraná continua em penúltimo na relação entre número de policiais e população, à frente apenas do Maranhão. Nereu quer processar o governo por propaganda enganosa.

O governador aparece posando para foto ao lado de um VLP parisiense – idêntico, incluindo a marca do fabricante francês (Translohr), ao que esta coluna mostrou em abril. Na época, se dizia que o VLP seria parte de um projeto voluntário do escritório do ex-governador Jaime Lerner para servir Curitiba e facilitar a integração metropolitana. Veja ao lado as duas fotos – a de sete meses atrás e a de cinco dias.

O sistema é caro. Cada comboio, com quatro vagões, custa cinco vezes mais do que um conjunto dos nossos biarticulados, capaz de transportar o mesmo número de passageiros. Considere-se, também, o custo de implantação da infraestrutura (trilhos únicos embutidos em pavimentos resistentes e regulares das ruas) e se chega logo à conclusão de que o sistema só é economicamente viável e autossustentável se transportar 200 mil passageiros por dia em cada linha.

Não existe essa demanda se se pensar apenas na interligação das cidades metropolitanas. É impensável que seja minimamente expressivo o número de usuários entre Pinhais e Fazenda Rio Grande, por exemplo. Portanto, Curitiba não pode ficar fora da equação. Com seus dois milhões de habitantes e 1 milhão de passageiros por dia, só mesmo a participação da capital viabiliza o sistema.

Apesar de tudo, um VLP capaz de restabelecer a integração do transporte custaria bem menos do que o caríssimo metrô curitibano de 17 quilômetros e pensado apenas para ligar os bairros Pinheirinho/CIC ao Cabral.

O metrô, orçado em quase R$ 5 bilhões, está encruado: o edital de licitação está pronto para atender a todas as exigências e, em princípio, pode ser lançado logo. Só tem um detalhe: grana federal, estadual, municipal é quase inexistente nesses dias críticos para as finanças públicas. Além disso, as grandes empreiteiras nacionais que poderiam entrar na parceria estão envolvidas na Lava Jato.

Pensando nisso, o sonho de Richa para trazer o VLP não chega a ser má ideia, desde que Curitiba não fique de fora. O quanto politicamente isso será possível é outra questão: a distância entre Richa e Gustavo Fruet é, atualmente, bem maior do que o itinerário de qualquer linha de ônibus.

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