Embora o céu ainda esteja nublado, com possibilidade de chuvas, trovoadas e relâmpagos, é bom, caro leitor, anotar em seu caderninho: o deputado Fabio Camargo (PTB) será nomeado conselheiro do Tribunal de Contas (TC) na vaga a ser aberta pela aposentadoria de Hermas Brandão, que completa 70 anos no próximo dia 5 de maio.
Tinha-se até poucos meses como absolutamente certo que a cadeira estava reservada para o deputado Plauto Miró (DEM). Suas garantias estavam alicerçadas na palavra do governador Beto Richa, no apoio do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni, e no da maioria dos deputados que votam as indicações para o cargo.
Seria injusto afirmar que o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Clayton Camargo, pai de Fabio, tenha participação nos movimentos que poderão levar o filho ao TC, mas alguns astrólogos perceberam a conjunção no zodíaco de fatores favoráveis ao êxito da pretensão de Fabio Camargo.
Um dos fatores conhecidos é o seguinte: o Tribunal de Justiça está pronto para julgar ação movida pelo ex-secretário Maurício Requião, que contesta a legalidade do ato que nomeou o advogado Ivan Bonilha para o Tribunal de Contas. A vaga era dele: tinha sido nomeado conselheiro em 2008 pelo irmão, o governador Roberto Requião. Oito meses depois da posse, no entanto, Maurício foi afastado do TC por decisões liminares. O mérito ainda está para ser julgado no STF.
Entretanto, em 2011, meses depois de assumir o governo, Beto Richa acreditou que Maurício já não tinha mais chances e decidiu destinar a vaga ao amigo e então procurador-geral do estado Ivan Bonilha. A Assembleia Legislativa fez logo a sua parte: "deselegeu" o conselheiro que havia eleito em 2008. No mesmo dia, Richa em ato assinado também por Bonilha anulou a nomeação de Maurício.
E lá foi Maurício Requião outra vez à Justiça, agora para obter dela a anulação da anulação. É exatamente este processo que o TJ se prepara para julgar a qualquer momento. Se ganhar a causa, volta ao TC e Bonilha deixa de ser conselheiro coisa impensável para o governador, que perderia um aliado e ganharia um adversário para julgar suas contas. Uma grande zebra.
Sintomático
O deputado Plauto Miró ainda não jogou a toalha. Mantém a fé: palavra dada é palavra empenhada como diziam seus ancestrais tropeiros que colonizaram os Campos Gerais na lida de conduzir bois desde o Rio Grande do Sul até Sorocaba.
Entretanto, pelo sim pelo não, Plauto começa a apresentar sintomas de descontentamento. Dia desses, acompanhou a bancada do PT e votou contra o governo. Primeiro-secretário e companheiro de Rossoni nas horas duras de "moralização da Casa", Plauto também já teria feito uso da caneta para tomar decisões que, para dizer o mínimo, desagradaram a Rossoni e Richa.



