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Nos corredores

Solução bancária 1

Em meio às discussões sobre qual o melhor destino para os paranaenses Orlando Pessuti (PMDB) e Osmar Dias (PDT) no governo Dilma Rousseff,

o ex-ministro da Agricultura e deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB) já formou opinião. Para ele, o cargo ideal que ainda estaria aberto é a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil, que gerencia uma carteira de R$ 74 bilhões (um quinto dos empréstimos e financiamentos do BB).

Solução bancária 2

Em Brasília, outra vice-presidência cortejada é a de Fundos e Loterias da Caixa Econômica Federal. O cargo era ocupado até o ano passado pelo peemedebista Moreira Franco, que agora virou ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Entre os cotados para a vaga no PMDB, está o paranaense Rodrigo Rocha Loures, cujo mandato de deputado federal acaba no dia 1.º de fevereiro.

Fica como está

A composição do segundo escalão do governo federal não deverá provocar mais alterações na bancada de 30 deputados federais do Paraná. Para assumir esses cargos, os parlamentares teriam de renunciar os mandatos – o que raramente ocorre. Uma das exceções é a direção-geral de Itaipu. Jorge Samek (PT), atual ocupante do cargo, renunciou ao mandato de deputado federal para o qual foi eleito em 2002 para assumir a hidrelétrica.

Brasília, de fato, fica longe do Brasil. Chove na capital quase todos os dias de janeiro, mas não há enchentes. É como uma metáfora, os políticos são bombardeados pelas notícias de tragédias climáticas nos estados, mas entra ano, sai ano, tudo continua na mesma.

No dia 7 de abril do ano passado, o deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói (RJ), matou 47 pessoas e deixou centenas de desabrigados. O episódio revelou o lixo (literalmente) da realidade habitacional do país. Antes de virar "bairro", o local era um aterro sanitário.

Na mesma época, uma auditoria do Tribunal de Contas da União na Secretaria Nacional de Defesa Civil mostrou o desequilíbrio na distribuição de verbas para prevenção de catástrofes entre 2004 e 2009. Do total de recursos, 37,25% (R$ 133,2 milhões) foram para a Bahia. O Rio de Janeiro, historicamente mais vulnerável às chuvas, ficou com 0,65% do bolo (R$ 2,32 milhões).

A diferença entre os dois estados era que o então ministro da Integração Nacional, que comanda a Defesa Civil, era um baiano. Curiosamente, Geddel Vieira Lima foi candidato a governador no ano passado. Perdeu.

Corta para 2011.

É curioso também que Geddel seja do PMDB. O mesmo partido que agora cria caso por causa da divisão de cargos no governo Dilma Rousseff (PT). A legenda quer poder, mas não apresenta uma proposta do que pretende fazer com ele para melhorar a vida das pessoas.

De novo, uma prova da distância entre Brasília e o Brasil. O verão chega a todo país e, com ele, inevitavelmente, as chuvas. É também época de recesso parlamentar.

Não se enganem, deputados federais e senadores não são nada alienados. Sabem muito bem o que acontece, já foram pressionados ao longo de várias tragédias similares à atual. Ao todo, há mais de 30 propostas relacionadas às enchentes paradas no Congresso Nacional.

Muitas delas são extremamente pertinentes, conforme levantamento publicado na semana passada pelo jornal Folha de S. Paulo. Um projeto do ex-senador Romeu Tuma (morto no ano passado) dá prioridade aos desabrigados em programas habitacionais do governo. Outro, em tramitação na Câmara, fala do auxílio a agricultores afetados por inundações.

A maioria das sugestões é apresentada após desastres ambientais, ganha destaque, apoio dentro e fora do parlamento. Mas aí vem o outono. As chuvas diminuem e a mobilização evapora como água de enchente.

Sim, os políticos têm uma parcela enorme de culpa pela repetição dessas tragédias. E sempre aparecem as desculpas de que as precipitações foram "excepcionais". É a explicação preferida, por exemplo, em São Paulo.

É muito cômodo, porém, colocar apenas a culpa nos políticos. Como disse Dilma, no Brasil a ocupação de áreas irregulares é regra, não exceção. Cabe a reflexão: é errado que o Estado permita as ocupações, mas quem ocupa também sabe o risco que corre.

Mais uma vez, trata-se da distância entre a política e a vida real, entre Estado e sociedade. Só que essa é uma via de mão dupla. Já passou a hora de as duas partes jogarem juntas.

Até porque essa história de cada um por si comprovadamente só acaba em mais tragédias.

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