Nos corredores

Pessuti em Brasília

Acompanhado pelo senador Sérgio Souza, o ex-governador Orlando Pessuti fez um périplo pelas principais lideranças peemedebistas em Brasília na semana passada. Eles visitaram o vice-presidente Michel Temer, o presidente do partido, senador Valdir Raupp, e o presidente do Senado, José Sarney. Pessuti avisou a todos que vai encabeçar chapa para o diretório estadual do partido no Paraná.

Futuro de Alvaro

O senador Alvaro Dias brincou com as sondagens de que pode deixar o PSDB devido aos desentendimentos com o governador Beto Richa. Ele contra-argumentou com as especulações recentes de que poderia assumir a presidência nacional do partido. "O que eu vou fazer, uma intervenção no diretório estadual? Não tem cabimento", disse Alvaro.

Gravata de Fruet

Gustavo Fruet (PDT) havia aposentado a gravata após ganhar as eleições em Curitiba, mas teve que retomar o hábito para a audiência com Dilma Rousseff, na última quinta-feira. Depois de ele conversar com a presidente, um fotógrafo ajeitou o nó para que ele falasse com os jornalistas. "Poxa, não dava para ter feito isso antes de eu me encontrar com a Dilma?", brincou o pedetista.

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Se o PMDB fosse um partido organizado, com um projeto decente para o país, não teria para mais ninguém na política brasileira – por consequência, na paranaense também. Três décadas a redemocratização, a legenda que nasceu como contraponto à ditadura militar permanece com números robustos. O que dá uma aparência externa de pujança, mas esconde uma enorme fragilidade interna.

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Nas últimas três eleições municipais, os peemedebistas permaneceram no comando do maior número de prefeituras do Brasil – 1.052 em 2004, 1.198 em 2008 e 1.030 em 2012. Ainda contam com o vice-presidente da República, cinco ministros e cinco governadores. Mas a cereja do bolo são as bancadas de 20 senadores e 79 deputados federais.

Graças a essa quantidade de parlamentares, o PMDB vai assumir concomitantemente, a partir de fevereiro, as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Quem fez as contas entendeu o significado. Dilma Rousseff vai passar a segunda metade do mandato com o parlamento nas mãos do partido com mais fama de fisiológico do país.

Além disso, tudo se desenha para que o alagoano Renan Calheiros retorne para o comando do Senado no lugar de José Sarney. Há cinco anos, Calheiros teve de renunciar ao cargo em meio a dois processos de cassação de mandato. Escapou do escândalo Mônica Veloso e agora prepara uma volta triunfal.

Na Câmara, o escolhido deve ser o líder da legenda, Henrique Eduardo Alves (RN). O potiguar tem a impressionante marca de 11 mandatos consecutivos e, em 2002, foi cotado para ser vice de José Serra contra Lula. Em 2011, disse que daria um bambolê para Dilma ganhar jogo de cintura nas negociações políticas.

Aí nasce a contradição. Não existe apenas um PMDB. Existem um bloco autônomo de peemedebistas da Câmara e outro do Senado. Assim como há o PMDB de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, mais alinhado à oposição, enquanto o do Rio de Janeiro é Lula e Dilma de carteirinha.

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Talvez o retrato mais fiel das múltiplas faces do partido seja o paranaense. No estado, há uma ala que apoia o governador Beto Richa (PSDB), outra que prefere uma aliança com os petistas e uma terceira que gira em torno do senador Roberto Requião. As três entrarão em choque na eleição do diretório estadual, em dezembro.

A tendência é de um confronto de forças entre o ex-governador Orlando Pessuti (pró-PT), o deputado estadual Luiz Romanelli (pró-tucanos) e Requião. Ainda é difícil prever qual dos blocos sairá vencedor, mas a permanência de um clima de divisão até 2014 é praticamente inevitável.

O mais curioso de todos esses movimentos, nacionais e regionais, é a incapacidade de renovação do partido. Nenhuma dessas disputas é pautada em torno de ideias estratégicas, da promoção de novas lideranças. Tudo gira em torno da defesa dos micropoderes de cada cacique.

É uma pena para um partido de uma história tão bonita, que já produziu personagens como Ulysses Guimarães e que governou o Paraná por 20 dos últimos 30 anos. Da longa trajetória do Movimento Democrático Brasileiro sobrou o balanço do salve-se quem puder.