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Transição em família

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é nome certo para a transição entre os governos Lula e Dilma. Ele repetirá um feito da esposa, Gleisi Hoffmann. Em 2002, a hoje senadora eleita integrou a equipe econômica de transição entre as gestões Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Primeira vez

A bancada federal do Paraná se reúne hoje pela primeira vez com o governador eleito Beto Richa (PSDB). No encontro marcado para o final da manhã, em Curitiba, serão discutidas as prioridades do estado para orçamento da União de 2011. No último mandato de Roberto Requião (PMDB), congressistas e governador só se reuniram uma vez, em Brasília.

Coordenação

O encontro está sendo organizado pelo coordenador da bancada paranaense, deputado federal Alex Canziani (PTB). Reeleito, ele disse que não há previsão sobre quem deve assumir a coordenação do grupo a partir do ano que vem. Com 30 deputados e três senadores, o Paraná é o sexto estado em número de cadeiras.

O Brasil elegeu Dilma Rous­seff (PT), mas a maioria dos paranaenses ficou com José Serra (PSDB). Soa estranho, mas não é novidade. Em 2006, Lula (PT) também foi derrotado por Geraldo Alckmin (PSDB) no estado. O fato novo é que, desde a vitória de Roberto Requião (PMDB) em 1990, o Paraná nunca foi governado por um opositor ao presidente. Na época, Requião bateu José Carlos Martinez, do PRN de Fernando Collor. Em 1994, Jai­me Lerner era do PDT de Leonel Brizola, mas depois de eleito sempre se manteve alinhado à gestão Fer­nando Henrique Cardoso (PSDB).

Desde então, a dobradinha go­­vernador-presidente manteve-se intacta. Até que, em 2010, Beto Ri­­cha (PSDB) subverteu a ordem. Convocado como uma das estrelas da campanha de Serra, não teve como fugir do embate com os petistas.

Encerrado o pleito, fica a expectativa de como será a relação entre Beto e Dilma. Não há motivo para pânico. Provavelmente, será parecida com a de Beto e Lula, quando um era prefeito de Curitiba e o outro presidente.

Antes das encrencas de campanha (Lula chegou a criticar Beto pes­­soalmente durante um comício no Sítio Cercado), eles sempre se deram bem. No dia 10 de fevereiro de 2009, o tucano foi recebido em uma audiência privada no Palácio do Planalto e saiu impres­sio­nado com a atitude do presidente.

Sobre o clima do encontro, o então prefeito descreveu: "era Beto pra lá, Beto pra cá... Ele fez de tudo para me deixar à vontade. Fiquei impressionado com o carisma e a simplicidade do presidente." No final, convidou Lula para visitar Curitiba.

Dilma talvez não impressione pelo carisma, nem seja especialista em deixar os outros à vontade. Mas como coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) acumulou conhecimentos sobre as principais necessidades paranaenses. Entre 2011 e 2014, o PAC-2 prevê para o estado investimentos de R$ 1,5 bilhão em obras de logística e R$ 5,5 bilhões na área de infraestrutura energética (que serão bancadas pela iniciativa privada ou por empresas estatais).

O importante é saber como os recém-eleitos conseguirão sincronia política para tirar as obras do papel. Em março de 2010, quando Lula apresentou a segunda versão do programa, menos de 40% do PAC 1, lançado em 2007, tinha saído do papel. No Paraná, das 20 principais obras da primeira fase, só três haviam sido concluídas.

Entre as propostas mais audaciosas da nova versão do programa está a construção da linha do trem de alta velocidade (TAV) entre Curi­tiba e São Paulo. Há também em­­­preendimentos previstos para quatro rodovias (nas BRs 153, 158, 163 e 487), na hidrovia do Rio Pa­­raná e no aeroporto Afonso Pena, com a ampliação do terminal de passageiros e a construção da terceira pista.

Fora o TAV, as promessas são velhas conhecidas dos paranaenses e não saíram do papel mesmo com relações harmônicas entre governador e presidente. Não que o diálogo melhore com Dilma e Beto em campos políticos opostos, mas ambos estão nos cargos pela primeira vez e precisam mostrar serviço. A aposta é que o republicanismo falará mais alto.

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