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Enquanto a oposição já ensaia o esperneio para o lançamento do filme Lula, o filho do Brasil, previsto para janeiro de 2010, o melhor contra-ataque também pode sair das telonas. A produção Nunca antes na história deste país promete explorar o submundo da corrupção da política brasileira. Além da piada pronta com a frase preferida do presidente, a principal inspiração da trama deve ser o mensalão, fantasma que ainda assombra os corredores do Palácio do Planalto.

Se a biografia de Lula já está prontinha para sair do forno, pouco se sabe sobre o outro filme. A certeza é que o diretor será José Padilha, o mesmo de Tropa de Elite. O roteiro ainda está sendo produzido pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, autor do livro Elite da Tropa e coautor de Espírito Santo, que vem causando uma enorme polêmica.

A obra conta a história do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em 2003, quando investigava o crime organizado capixaba. O texto usa nomes fictícios para retratar policiais que ainda estão na ativa e que supostamente tiveram envolvimento no caso. Em represália à publicação, também assinada pelo atual secretário estadual de Segurança Pública, Rodney Miranda, 13 dos 19 coronéis da Polícia Militar do Espírito Santo colocaram os cargos à disposição na semana passada.

Só esse episódio já gera expectativa sobre como será o filme. Mas há mais ingredientes políticos na história. Soares foi secretário nacional de Segurança Pública durante os dez primeiros meses do governo Lula. Em outras palavras, trata-se de um sujeito bem informado sobre os bastidores de Brasília, que trabalha em parceria com um diretor de sucesso e que está acostumado a assuntos quentes, muito quentes.

Nunca antes (...) está sendo feito pela produtora brasileira Zazen e deve contar com apoio da gigante norte-americana Paramount. Além disso, foi um dos escolhidos pelo edital de seleção pública de projetos cinematográficos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e deve ter o orçamento turbinado em R$ 1 milhão de recursos públicos.

O site da Zazen define a produção de maneira lacônica. "Nunca antes (...) vai mostrar como, no Brasil, os processos de disputa do poder político e econômico andam juntos, contaminando um ao outro, e gerando uma sociedade intrinsecamente injusta." Ao que tudo indica, a trama vai abordar o financiamento ilícito de campanhas e, em especial, o mensalão.

Embora a tendência seja o uso apenas de personagens fictícios, será curioso tentar identificar alguns paranaenses envolvidos na história. Os ex-deputados José Janene e José Borba, ambos do PP, estão entre os 39 réus suspeitos de envolvimento no caso, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Outros dois parlamentares do Paraná, Osmar Serraglio (PMDB) e Gustavo Fruet (PSDB), foram relator e sub-relator da CPI que baseou o trabalho do STF.

Romanceada ou não, a transformação do episódio em filme será uma boa pedida para reavivar a memória do eleitor brasileiro sobre um dos episódios mais tristes da democracia brasileira. O desafio será tornar "palatável" a história que motiva um processo judicial de 30 mil páginas para uma produção de apenas 110 minutos. Se der certo, o resultado será mais popular do que Tropa de Elite. E mais duro do que treinamento do Bope.

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Nos corredores

Ministros candidatos

Levantamento publicado ontem pelo portal G1 indica que pelo menos 13 ministros devem se afastar dos cargos em abril para concorrer às eleições de outubro. Entre eles, estão os dois paranaenses – Paulo Bernardo (Planejamento) e Reinhold Stephanes (Agricultura). Ambos são pré-candidatos a deputado federal, conforme confirmaram as assessorias. Bernardo era cotado para ser candidato a governador pelo PT, mas parece ter reduzido a ambição nos últimos dias.

Racha no PSDB

A PEC dos Precatórios, que protela o prazo de pagamento de dívidas judiciais de estados e municípios por 15 anos, divide opiniões entre os deputados paranaenses do PSDB. Embora a direção nacional da legenda tenha sucumbido às pressões do governador de São Paulo, José Serra, para apoiar a emenda, Gustavo Fruet votou contra na sessão do primeiro turno. Já Luiz Carlos Hauly votou a favor. Alfredo Kaefer, que não esteve na sessão, disse que será contra no segundo turno. Ainda não se sabe como votará Affonso Camargo.

Entre candidatos

Pré-candidato ao Senado, Gustavo Fruet tem feito política de boa vizinhança com os dois postulantes ao governo do Paraná pelo PSDB. No penúltimo fim de semana, viajou com o senador Alvaro Dias pelo interior. Nos últimos três dias, seguiu o mesmo destino com o prefeito de Curitiba, Beto Richa. Fruet não fala sobre preferências pessoais, mas repete insistentemente o discurso de que um candidato forte ao governo é meio caminho andado para eleger um senador do partido.

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