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Nos corredores

Menos quórum

Apesar de paparicado pelos caciques peemedebistas no Senado como Renan Calheiros (AL) e Valdir Raupp (RO), o discurso de posse do senador Sérgio Souza (PMDB) foi bem menos prestigiado do que o de despedida da titular Gleisi Hoffmann (PT), seis dias antes. A fala de Souza não teve nenhum aparte. A de Gleisi, 42.

Regulação da mídia

O deputado federal João Arruda (PMDB) declarou apoio a uma das propostas mais polêmicas em discussão na política nacional: a criação de uma agência reguladora da mídia. Segundo ele, essa é uma forma de "modernizar" o setor. Para os opositores à ideia, contudo, o verbo mais correto para a iniciativa é "censurar".

Abandono hediondo

O deputado federal Ratinho Júnior (PSC) voltou a centrar esforços na semana passada pela aprovação de um projeto de lei para transformar o abandono de incapaz em crime hediondo. Em Brasília, o paranaense tem usado como argumento o abandono ao relento de uma criança de três dias ocorrido há duas semanas na noite mais fria do ano em Curitiba.

Marcada historicamente pela praga dos "acordos brancos", a previsível política paranaense passa por um terremoto. Os tremores começaram com a eleição de Beto Richa (PSDB) para governador. E chegaram à escala máxima com a nomeação de Gleisi Hoffmann (PT) para a Casa Civil.

A vitória de Beto não significa uma ruptura de tradição – afinal, ele próprio sempre faz questão de evocar o legado do pai. Mas demonstra o começo de um novo ciclo, já que o tucano desalinhou-se de Roberto Requião (PMDB) e dos irmãos Dias para chegar ao Palácio Iguaçu.

A trajetória de Gleisi é mais surpreendente. Primeiro, porque no ano passado ela teve mais votos que Requião na disputa pelo Senado. Depois, pela me­teórica ascensão ao ministério mais importante do governo federal, o que por si já garante exposição suficiente para firmá-la protagonista do xadrez político do Paraná.

Como todos esses acontecimentos são recentes, a terra ainda não está bem assentada. Os efeitos das mudanças só serão efetivamente percebidos nas eleições municipais de 2012. Tanto Beto quanto Gleisi não vão conseguir se sustentar sozinhos, precisam arrebanhar e fomentar novas lideranças.

É por aí que passa a trama dos novos capítulos. O governador construiu uma fortaleza eleitoral em Curitiba (fundamental para sua vitória no ano passado), mas enfrenta uma perspectiva nebulosa. Se sofrer um revés no principal reduto, ele próprio pode ser vítima dos repiques do terremoto em 2014.

Beto vai levando em banho-maria a disputa pelo apoio tucano dos pré-candidatos Gustavo Fruet (PSDB) e Luciano Ducci (PSB). A estratégia era confortável, até que os petistas começaram a estudar a possibilidade de apoiar Fruet. Nos últimos dias, o receio de que isso aconteça virou medo de verdade (para não dizer pavor).

Após dois meses de silêncio, caciques do PSDB voltaram a procurar Fruet na última terça-feira, seis dias depois de Gleisi tomar posse na Casa Civil. Os deputados estaduais Valdir Rossoni e Ademar Traiano tentaram afagar o colega, mas parece não ter surtido efeito. A decisão de deixar o partido está cada vez mais consolidada.

Do outro lado, várias lideranças petistas vêm dando sinais de que a migração de Fruet para uma legenda da base aliada ao governo Dilma Rousseff está bem encaminhada. Entre eles, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o secretário nacional de comunicação do PT, André Vargas.

Há ainda que se levar em consideração a luta daqueles que vêm perdendo espaço. Requião tem deixado cada vez mais claro os planos de voltar a concorrer ao governo em 2014. Isso significa que ele não quer saber nem de Beto, nem de Gleisi, mas que pode patrocinar a volta de Fruet ao PMDB.

Também não é correto considerar os irmãos Dias fora do baralho. Há nove dias, Osmar conversou pessoalmente com Fruet em Curitiba. No momento, o PDT do ex-senador parece o caminho mais suave para uma aproximação com os petistas.

Com um cenário tão mexido e volúvel, a única certeza é que o Paraná virou peça-chave do jogo político nacional. Aliás, tem tudo para se transformar em um laboratório do que vai acontecer em Brasília nos próximos anos. Para o bem e para o mal.

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