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Pelo menos em público, o DEM irá espernear o quanto puder contra a indicação do senador Alvaro Dias (PSDB) como candidato a vice-presidente de José Serra. Não é nada contra o paranaense. A questão é que o partido, estraçalhado pelo escândalo de corrupção no Distrito Federal, precisa ao menos mostrar algum tipo de reação.

Na prática, os democratas estão de mãos atadas. Vão sair da aliança de oposição e lançar candidato próprio? Entre se atirar da ponte ou engolir a chapa puro-sangue tucana, eles preferem continuar vivos.

Curiosamente, pode ser a convenção nacional da legenda, na próxima quarta-feira, o primeiro evento público com Serra e Alvaro. Estrategicamente, deveria ser a consagração da chapa, algo difícil de imaginar hoje. E o problema não está no desfecho da história, mas no início.

O DEM ganhou o direito de ficar melindrado porque a informação da escolha do vice vazou antes da hora, graças a uma desastrosa intervenção do pivô do mensalão e atual presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. Ao revelar pelo Twitter, na hora do jogo do Brasil contra Portugal, que Alvaro havia sido indicado, o petebista expôs um cenário de traição aos democratas. Por isso a "revolta", embora o partido soubesse muito bem do que se tratava.

Alvaro só foi escolhido porque todas as legendas da aliança fizeram um estudo minucioso das possibilidades. Pesquisas mostraram que a população o veria como a melhor opção entre as que eram viáveis. No terceiro mandato como senador, o tucano seria hoje um nome muito mais reconhecido nacionalmente do que concorrentes como o deputado federal baiano José Carlos Aleluia, o favorito dos democratas.

Outra hipótese, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, de Pernambuco, enfrenta dificuldades até para disputar a reeleição e cogita candidatar-se à Câmara. Em 41 anos de carreira política, Alvaro disputou 11 eleições, com oito vitórias e três derrotas (aproveitamento de 72%). De quebra, tende a afastar o irmão Osmar Dias (PDT) de uma aliança com PMDB e PT pelo governo do estado.

Alvaro também é o mais talhado para uma função que está vaga até agora na campanha. Alguém precisa endurecer o discurso contra os petistas e o presidente Lula, mas essa pessoa não pode ser Serra. Como vice, o paranaense baterá de um lado, enquanto o cabeça da chapa manterá a linha "paz e amor".

Em discurso durante a convenção estadual do PSDB do Mato Grosso, no sábado, Alvaro deu o tom. "Este é um governo que usa a mentira como arma para esconder suas falcatruas. Um governo que alimenta a si próprio com o dinheiro do povo, que cria ministérios, diretorias e secretarias, para gastar milhões que fazem falta na saúde pública."

Entre os tucanos, pegou. Para o eleitor em geral, no entanto, ele já sabe que terá de baixar as críticas para um patamar mais baixo – ainda assim, sempre um degrau acima de Serra. Para esse tipo de tarefa, Alvaro realmente é imbatível, tem experiência, traquejo e gana.

O único desafio é apagar o incêndio causado pelo DEM. Se quiserem estancar a momentânea queda de Serra, os tucanos deverão ser rápidos no gatilho. Preterir Alvaro, neste momento, será ainda mais desastroso do que a "ajudinha" de Roberto Jefferson na última sexta-feira.

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Nos corredores

Parou o trânsito

A chegada de Alvaro Dias parou o trânsito em um raio de quatro quilômetros da entrada do aeroporto de Cuiabá, na última sexta-feira. Além de jornalistas, ele foi recepcionado por correligionários. Entre os tucanos do Mato Grosso, boa parte de origem paranaense, o senador foi tratado como celebridade e teve o discurso mais aguardado da convenção estadual da legenda, no sábado.

Autofagia

Duas semanas antes de ser indicado pelos tucanos como candidato a vice-presidente, Alvaro recebeu um recado da direção do partido – deveria permanecer em silêncio sobre o assunto. A estratégia valeu ainda mais para os jornalistas do Paraná. Segundo ele, o plano ajudou a fugir da autofagia do estado.

Canziani segue

A bancada paranaense no Congresso Nacional manteve o deputado Alex Canziani (PTB) como coordenador até o final do ano. O petebista queria ser substituído, mas os colegas preferiram que ele seguisse no posto. O deputado Fernando Giacobo (PR) até tentou ficar com a vaga, mas não recebeu apoio.

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