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Requião, candidato pensionista

Nas últimas seis eleições para governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB) só não participou das duas em que esteve legalmente impedido de se reeleger (1994 e 2010). Nas quatro que disputou, ganhou três (1990, 2002 e 2006). Perdeu apenas em 1998 para Jaime Lerner – aliás, a única derrota em uma carreira com oito mandatos disputados desde 1982.

Não adianta brigar com os números, ninguém no estado é tão vitorioso nas urnas quanto Requião. Com todo esse retrospecto, seria natural esperá-lo como candidato em 2014. Até lá o peemedebista terá 73 anos, mas a idade avançada não parece um impeditivo – ele esbanja vitalidade como senador em Brasília.

Vontade também existe. Nas últimas semanas, o peemedebista deixou mais do que claro o desejo de voltar ao Palácio Iguaçu, ao entrar na briga interna pela direção estadual do partido. Ele já está com o time em campo, percorrendo o interior do Paraná contra as alas ligadas ao também ex-governador Orlando Pessuti e o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli.

A gana de comandar o Paraná pela quarta vez, no entanto, contrasta com outra batalha pessoal de Requião. Desde o ano passado, ele briga na Justiça pelo direito de receber uma pensão de R$ 24,8 mil por mês como ex-governador. Fica a dúvida: é compatível receber a aposentadoria e querer voltar para o governo?

É uma lógica difícil de entender, mas não é a única dessa história. O fato é que, até o momento, Requião tem vencido a batalha pelo benefício. No mês passado, o Tribunal de Justiça do Paraná determinou que o estado pague a pensão até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a questão em definitivo.

Outros figurões no tabuleiro político paranaense também se enrolam com a aposentadoria. Alvaro Dias (PSDB) tentou recebê-la e depois desistiu. Pessuti ainda luta pelo benefício, enquanto a mãe de Beto Richa (PSDB) e viúva do ex-governador José Richa não foi ameaçada pelos cortes promovidos pelo filho.

O assunto é tratado com dificuldade por todos, mas especialmente por Requião. Em abril de 2011, ele tomou o gravador das mãos de um repórter de uma rádio de São Paulo que fez a ele uma pergunta sobre o tema no plenário do Senado. No mês passado, ele colocou em seu site um pronunciamento "definitivo" a respeito do caso.

Na gravação, o peemedebista explica que tem usado o que chamou de "a tal pensão" para pagar as multas judiciais a que tem sido submetido por ter denunciado desvios de dinheiro público quando era governador. "É uma espécie de legítima defesa do patrimônio de minha família", conta. Em outras palavras, considera válido usar recursos do contribuinte para que ele não tenha de perder os seus bens privados.

Não será a primeira vez que o tema poderá voltar à campanha pelo governo do estado. Em 1990, José Richa era o favorito para o Palácio Iguaçu, mas não chegou nem ao segundo turno, atingido pelas críticas à aposentadoria que recebia como ex-governador. E quem mais minava o antigo aliado era ele mesmo, o jovem Requião.

Na época, dizia-se que Requião tinha razão. Hoje, o que ele tem de fato é a pensão.

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