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Pronto. Como queriam oposicionistas de todos os costados, o tucano José Serra anuncia hoje que é candidato à Presidência da República e põe fim ao longo período de cobranças em que dificuldades da oposição e êxitos dos adversários eram postos no mesmo balaio e atribuídos à indefinição da candidatura.

Removido o obstáculo – real em muitos casos; em outros, mera fumaça – começa agora o mais difícil: a construção da candidatura, a articulação das alianças regionais, o grau de prioridade que partidos e personagens, principalmente os do PSDB, emprestarão ao projeto nacional, o índice de fidelidade à candidatura presidencial, o empenho a que se disporão ao trabalho e as escolhas que farão conveniências pessoais e o interesse partidário de representação de um campo de pensamento diferente do que está atualmente no poder.

Certo ou errado, o PT fez sua opção claríssima: apostou tudo na presidencial. Dos estados importantes onde não disputa a reeleição, só concorre no Rio Grande do Sul e insiste na candidatura em Minas Gerais.

No restante do país, abriu mão de eleger governadores, o que significa também se arriscar a reduzir as bancadas no Congresso, para investir na eleição de Dilma Rousseff. E ponto final, sem questionamentos.

Evidentemente que o PSDB sendo um partido de ações, conformação e personagens diferentes, não tem a obrigação de imitar o adversário. A citação ao PT serve só como referência.

No que concerne aos tucanos e área de influência, é de se conferir se a realidade das ações políticas corresponderá à ansiedade das cobranças para a definição da candidatura de José Serra, porque nas duas eleições presidenciais anteriores, 2002 e 2006, o desacerto e a inaptidão foram notáveis.

De parte a parte. Do candidato, das campanhas, dos aliados e vice-versa. Ninguém falava a mesma linguagem. Em 2006, havia estados, como Pernam­­­buco, onde Geraldo Alckmin nem sequer contava com estrutura de campanha. Em 2002, José Serra conseguiu se coligar oficialmente com o PMDB – sua vice foi Rita Ca­­­mata –, mas várias seções do partido se aliaram a Lula. Isso sem falar nas defecções explícitas dentro do PSDB, que se repetiram em 2006.

Se a desordem se repetir, não adianta definição de candidatura, qualidade de candidato nem a evidente desvantagem comparativa da adversária. Cam­­­panha, óbvio, é um todo. Leva quem revela aptidão para a vitória. Muito mais que qualificação para governar.

Dilma Rousseff não é do ramo. Mas o partido dela é craque e o chefe, então, nem se fala.

José Serra, nem os adversários negam, preparou-se a vida toda para a Presidência. Mas o partido dele até agora só ga­­­nhou como copiloto do Plano Real. No comando, perdeu as duas eleições nacionais que disputou. E por demérito próprio.

Tem agora a chance de mostrar se oito anos na oposição lhe deram disciplina e senso de direção ou se de novo prefere se dispersar nas lides da picuinha rumo a quatro anos, talvez oito, quiçá 16 anos de ostracismo.

Reparo

Depois de rever a descortesia de "esconder" Fernando Henrique Cardoso da campanha e incluir o ex-presidente na lista de oradores do ato de lançamento da candidatura de José Serra hoje, em Brasília, PSDB e aliados resolveram que não bastava.

FH será alvo de homenagens e citações nos pronunciamentos.

Programáticos

Os presidentes dos dois partidos da aliança com o PSDB, DEM e PPS preparavam para hoje discursos com as propostas que as duas legendas gostariam de ver incluídas no programa de governo de Serra, que, no entanto, só deverá ser apresentado na convenção oficial do PSDB em junho.

Rodrigo Maia (DEM) e Roberto Freire (PPS) decidiram antecipar suas propostas porque é a chance de que elas ganhem algum destaque para debate, pois em junho a atenção será toda do programa do candidato.

O discurso de Serra hoje será mais conceitual, na linha do pronunciamento feito na despedida do governo de São Paulo.

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