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Os nosso juros são escorchantes, a produção industrial decaiu, as vendas do comércio diminuíram, o crescimento do PIB foi abaixo do esperado. O leitor-eleitor deve estar tão acostumado a ser informado sobre problemas dessa natureza que provavelmente chegou à conclusão de que a política só serve para uma coisa: discutir economia. Tornou-se consensual que só chegaremos ao "primeiro mundo" se resolvermos os problemas econômicos. Mas se o eleitor parar um pouco para pensar, verá que muitos outros problemas que o afetam deveriam ser tema dos discursos políticos e que se esses problemas fossem resolvidos a sua qualidade de vida melhoraria substancialmente.

Quem de nós já não teve necessidade de usar os serviços públicos e se viu profundamente atormentado com o desrespeito com que somos tratados? Os exemplos são inúmeros: quem precisar dos serviços da Justiça deverá enfrentar a morosidade e os custos altíssimos, quem for à Receita Federal terá um tratamento cuja qualidade é inversamente proporcional à quantidade de impostos que pagamos; os usuários do INSS sofrerão com a filas intermináveis; se precisar da polícia, haverá sempre o risco de ser tratado como suspeito em vez de cidadão (em especial se for negro e pobre). O Estado brasileiro (em nível federal ou estadual), absolutamente eficiente quando se trata de cobrar as nossas obrigações, trata-nos de forma inaceitável quando pretendemos exercer um direito.

Esses problemas simplesmente parecem não existir para os candidatos (no Paraná e no Brasil) e para a mídia (escrita ou falada). Ao avaliarmos os candidatos aos cargos eletivos nas próximas eleições, devemos ir além dos problemas econômicos. O eleitor deve exigir deles um discurso mais complexo, que fuja à repetição monocórdica (e sempre muito parecida) de supostas soluções para a nossa economia. É sempre bom lembrar que o que faz um país ser de "primeiro mundo" não é apenas o desenvolvimento econômico, mas também o tratamento respeitoso e igualitário dispensado pelas instituições públicas aos cidadãos, independentemente de raça, sexo, classe ou ideologia. Se quisermos ser uma República de fato está na hora de os eleitores exigirem que os candidatos façam da política algo mais do que um espaço meramente dedicado a solucionar problemas econômicos.

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