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O comissariado do Planalto trabalha em cima de uma reconfortante pesquisa realizada pelo DataUnB em 214 municípios de nove estados, com 6 mil entrevistas. Ela indica que o brasileiro está satisfeito, gosta dos programas sociais do governo, aprecia seu desempenho e atribui a ele o bom astral em que vive. Para 84% dos entrevistados, sua situação pessoal vai melhorar, e 80% avaliam que os objetivos dos programas federais estão sendo alcançados. A taxa de ruim e péssimo de Nosso Guia está em ralos 9%. (Em setembro de 2005, ela esteve em 32% numa pesquisa do Ibope.) As jóias da coroa são o Bolsa Família para compra de comida (80% de aprovação) e para a aquisição de material escolar (75%).

Resultados desse tipo estimulam instintos irracionais em pessoas que pensam de maneira diferente e sacam a velha idéia segundo a qual a choldra se deixa enganar com facilidade. O trabalho indica que a cabeça da amostra revelou-se bem mais articulada. Ao mesmo tempo em que perceberam uma melhoria nas condições de vida, os entrevistados ensinaram que não são bobos. A alta do preço dos alimentos foi apontada por 94% das pessoas. Isso, mesmo sabendo-se que 63% entendem que os brasileiros estão comprando mais comida. Ao mesmo tempo em que registram a melhoria no acesso aos crediários (84%), informam que ficou mais difícil pagar as contas em dia (82%).

Vista de perto, a pesquisa trouxe decepções para os comissários. As obras do PAC, por exemplo, são atribuídas aos governos locais. A União só leva crédito no trabalho das rodovias. Visto de longe, o resultado indica que o governo está bem avaliado e, sobretudo, há confiança nas suas políticas e reconhecimento das mudanças que elas provocaram no cotidiano de milhões de pessoas. Mais da metade do universo pesquisado acredita que nos últimos cinco anos a vida melhorou, a renda subiu e há mais empregos.

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Nouriel Roubini, o novo economista

New York Times sacralizou com uma extensa reportagem um oráculo da economia mundial. Ele se chama Nouriel Roubini, tem 50 anos, nasceu na Turquia, viveu no Irã, em Israel e na Itália. Hoje leciona economia na Universidade de Nova Iorque. Há algum tempo ele era considerado o melhor analista da atual crise econômica. Pudera, desde 2006 Roubini canta a pedra da encrenca. Foi chamado de "relógio parado" (aquele que está certo duas vezes por dia), mas nos últimos tempos mostrou que teve razão a cada passo da crise. A seu ver, o que há por aí não é um buraco de 300 bilhões de dólares do mercado imobiliário norte-americano, mas uma nuvem preta de, no mínimo, 1 trilhão de dólares do sistema financeiro. Solução? O governo precisa bancar essas dívidas, negociando com os credores uma redução do valor das amortizações. É isso ou os bancos estarão fritos, pois a crise é do sistema.

A repórter Sonia Racy revelou que o doutor passou três dias no Brasil durante a semana passada, conversando a portas fechadas com clientes.

Deles, sobrou um lembrete: a crise é de um tamanho que as economias emergentes (a de Pindorama incluída) não terão força para ficar de fora.

Para satisfação geral, Roubini mantém um precioso sítio na internet, o RGE Monitor. Em 1999, ele foi considerado pelo The Economist o melhor do gênero. Infelizmente, está em inglês. Felizmente, uma parte dele é grátis, com direito a boletins periódicos. Lá estão seus principais artigos e uma coletânea diária da imprensa mundial.

Tem gente que gasta rios de dinheiro com análises de empresas de quiromancia financeira sem saber que algumas delas buscam alimento no RGE Monitor.

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Inglês insolente

Nosso Guia repeliu a proposta do governo inglês de criar uma jurisdição especial em território nacional para julgar brasileiros que pretendem viajar ao exterior, no uso e gozo de seus direitos de cidadãos. Se os ingleses quiserem, podem passar a pedir visto aos brasileiros. Arrostam a degradação política das relações entre os dois países.

Passou quase despercebido um trecho insolente da carta onde se fez a ameaça, assinada pelos ministros do Exterior, David Miliband, e do Interior, Jacqui Smith. A certa altura, eles pedem que a embaixada do Brasil em Londres ajude a reduzir o número de brasileiros que vivem sem a devida documentação no Reino Unido.

Traduzindo: a dupla quer que o contribuinte brasileiro mantenha na embaixada em Londres um serviço para ajudar sua polícia a caçar brasileiros que não infringiram qualquer lei no país em que nasceram.

Uma recaída da insolência do século 19.

Parece que o serviço diplomático inglês foi capturado pela polícia.

Erro

Estavam erradas três informações publicadas aqui a respeito do livro Um escritor na guerra — Vasily Grossman com o Exército Vermelho, 1941-1945. Um dos organizadores do volume chama-se Antony Beevor e não Anthony Beever. Seu livro The fall of Berlin, 1945 foi publicado no Brasil com o título Berlim 1945, a queda e não A queda de Berlim. Ele e Luba Vinogradova foram os editores e tradutores da obra. A autoria é de Grossman.

Tudo isso cria uma oportunidade para repetir: É um bom livro sobre o trabalho de um grande jornalista e escritor.

Fundo falso

Com jeito de quem não quer nada, o pacote que anistia algumas modalidades de sonegadores carrega consigo um velho sonho de uma banda da Secretaria da Receita Federal. É o desmanche do Conselho de Contribuintes.

Olhado de cima para baixo, esse Conselho é uma instância útil para que o contribuinte recorra de autuações infundadas. Olhado de baixo para cima, é um foro para quem tem foro, paciência e, sobretudo, bons advogados.

Como em todos os desmanches, anuncia-se que será criado um novo órgão, com nova composição, capaz de fazer tudo mais rapidamente, com melhor qualidade.

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