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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já conseguiu impor um estilo. É o "Poderoso Grunge", com suas fardas de camuflagem dando-lhe uma aparência juvenil de combatente sexagenário. Foi ao Haiti com uma fantasia dessas logo na semana em que o costureiro Valentino resolveu abandonar o mundo da moda. Aos 75 anos, o estilista italiano, sempre lembrado por alguns vestidos de Jacqueline Kennedy, entregou os pontos para os novos tempos, nos quais as roupas, bolsas e perfumes pertencem a conglomerados financeiros. O que foi uma indústria de clientes exclusivos tornou-se um negócio de US$ 157 bilhões anuais, ervanário superior a todas as exportações brasileiras.

Quando Valentino aprendeu a costurar com os venerandos Jacques Fath e Balenciaga, havia no mundo 200 mil mulheres que se vestiam com grandes costureiros. Hoje elas não chegam a 200. Enquanto isso, quatro em dez japoneses têm alguma peça de Louis Vuitton, que no século XIX fazia malas para meia dúzia de nobres europeus. Desde 2002, a marca Valentino pertencia ao grupo inglês Permira, que controla a etiqueta de Hugo Boss e até mesmo uma fábrica de aviões. Estava escrito nos astros que o costureiro seria defenestrado, como sucedeu a Hubert de Givenchy, mandado para casa pelo executivo Bernard Arnault, que transformou a marca Vuitton num símbolo do novo luxo popular e tornou-se a sétima fortuna do mundo.

O "Poderoso Grunge" de Jobim é um estilo reciclado. Valentino chocou Paris em 1993, usando-o em sua coleção. A cada cinco anos um costureiro inventa roupas desse tipo. Elas fazem sucesso por algumas semanas e desaparecem. Neste ano, a inspiração militar marcou uma coleção de Dolce & Gabanna. Sobretudo uma sunga (imprópria para ministros).

Falta muito chão para que Jobim chegue a ser um Teddy Roosevelt. Ele queria ser presidente dos Estados Unidos e, em 1898, alistou-se na guerra de Cuba, contra os espanhóis. Desembarcou com um uniforme cortado na loja Brooks Brothers e tornou-se o americano mais popular do seu tempo. Não pelo uniforme, mas pela bravura com que combateu numa batalha de verdade.

Um mimo de Lula para o aparelho sindical

Lula rodou mais uma rosca do parafuso do projeto político do petismo. Propôs ao Congresso que as centrais sindicais sejam borrifadas com R$ 50 milhões anuais, saídos da contribuição compulsória de um dia de trabalho de todos os brasileiros do mercado formal. Esse tributo arrecadou R$ 1,25 bilhão no ano passado. (Muito menos do que os R$ 11 bilhões que o patronato coletará este ano para o Sistema S.)

O imposto sindical é descontado mesmo que o trabalhador não esteja associado à guilda de sua categoria. Com o projeto de Lula, uma parte desse dinheiro irá para centrais que os contribuintes mal conhecem, às quais seu sindicato filiou-se por decisão de um punhado de militantes. Com algumas variações, essas centrais formam a infantaria política do Planalto. (A artilharia foi recrutada na banca.)

Ao justificar o projeto, Nosso Guia disse o seguinte: "Todo mundo sabia que as centrais existiam e existem, mas as entidades funcionam como se fossem clandestinas, porque não estão legalizadas".

Engano, as centrais funcionam em lugar certo e sabido. Ele confundiu existência clandestina com independência em relação à bolsa da Viúva.

Como o orçamento de Lula vinculou-se, há mais de 30 anos, aos impostos pagos pela patuléia, é compreensível que ele não saiba mais a diferença entre as duas situações. O fim das contribuições compulsórias dos trabalhadores para sustentar aparelhos sindicais foi coisa que Nosso Guia defendeu para se projetar na política. Depois esqueceu.

Fala, Renan

Renan Calheiros já disse que pretende afundar atirando. É a velha ameaça de vou-contar-o-que-sei. Quem entende das malandragens de Brasília e de Maceió assegura que, caso seja cassado, o doutor morrerá em silêncio. Pena.

Companheira dengue

Em 2002, quando tinha o benefício do palanque, Nosso Guia foi ao Rio e disse o seguinte: "Aqui foi o exemplo maior do desleixo do governo federal no combate à dengue, permitindo que tivéssemos quase 150 mil casos." Noves fora a construção torturada, capaz de sugerir que a dengue ocorre porque o governo federal permite, Lula comprou um problema. Nos sete primeiros meses deste ano, foram registrados 438.949 casos, com 98 mortes.

Em 2002 ocorreram em todo o país cerca de 800 mil casos. Pelo vôo do mosquito, Nosso Guia pode bater a marca que tanto criticou.

Eremildo na Vale

Eremildo é um idiota e mora num fundo de pensão. Durante o tucanato, ele viu como o Planalto urdiu o consórcio que arrematou a Vale do Rio Doce com dinheiro da Viúva. Com a chegada dos petistas ao poder e ao controle dos fundos de pensão, Eremildo achou que sua vida ia melhorar.

O idiota encantou-se com a proposta petista para que a reestatização da Vale seja decidida num plebiscito. Ele acredita que a iniciativa pode trazer duas vantagens. Se a Vale deu R$ 10,5 milhões aos candidatos petistas na última campanha eleitoral, quanto daria se voltasse às mãos dos companheiros? Ademais, reestatizando-se a Vale talvez se consiga uma boquinha para o companheiro Milton Zuanazzi, aquele que a doutora Dilma Rousseff colocou na presidência da Anac.

Patrono

Com a mobilização contra a prorrogação da CPMF pode-se nomear um patrono para a batalha pela redução da carga tributária que leva 34% do PIB. Seria Antônio Cardoso de Barros, primeiro secretário da Receita Federal de Pindorama. À época, tinha o título de Provedor-Mor.

Cardoso de Barros foi acusado pelo governador Tomé de Souza de ter desviado dinheiro d’’El Rey para seu patrimônio. Até aí, apenas um bom começo.

O que o torna favorito para a homenagem é outro episódio. Em 1556, ele estava a caminho de Lisboa com o bispo Pero Fernandes Sardinha no navio Nossa Senhora da Ajuda. Naufragaram na costa de Alagoas e, como aconteceu ao religioso, o provedor foi comido pelos caetés.

Vingança

Chegou a hora da desforra para as pessoas que navegam na internet e são submetidas à tortura de anúncios coloridos que estouram nos seus monitores, incomodando a visualização e dificultando a leitura das páginas. Um programa chamado "Adblock Plus", capaz de bloquear ou filtrar anúncios, está se propagando à razão de 300 mil novos usuários por mês. É grátis, mas só funciona no navegador Firefox. Parece impossível que venha a aparecer uma versão do bloqueador para o Explorer.

A propagação de um bloqueador de anúncios pode mudar o mercado da internet. Para pior, porque serviços como o do Google só existem porque há anunciantes que pagam para entrar na telinha das pessoas.

Para melhor, porque ensinarão os publicitários a respeitar as vítimas.

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