Conferência da Juventude: caminhos para a inovação

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Se além da participação e legitimação de políticas públicas o objetivo for contribuir com ideias inovadoras, certamente o caminho a ser seguido não será o tradicional, como aquele adotado na Conferência Municipal da Juventude de Curitiba, que ocorreu ontem e anteontem no Salão de Atos do Parque Barigui. O caminho mais apropriado para a inovação é o das conferências livres, em especial aquelas realizadas por meio de plataformas virtuais.

Explico. As conferências tradicionais têm um rito já conhecido. São presenciais e hierarquizadas. Elegem-se delegados, em geral, pessoas que já trabalham na área temática debatida. Dependem de horários para início, desenvolvimento e fim. Ao final, aprova-se um documento com as propostas aceitas. No meio do caminho, pode ocorrer uma série de percalços com participantes querendo, inclusive, impedir o bom andamento dos trabalhos. E, pela limitação de tempo, pode-se até perder todo um trabalho que vinha sendo realizado.

Esse é o caso da Conferência Municipal da Juventude de Curitiba. Uma das áreas temáticas – chamada de Eixo 1, Desenvolvimento Integral – não foi votada, ficando de fora do documento aprovado, porque não se conseguiu aprovar o documento antes das 18 horas de sábado, conforme o previsto nas regras da conferência. Assim, as propostas do eixo – que trata de educação, cultura, trabalho e comunicação – não estarão presentes na carta de intenções aprovada em Curitiba.

O trabalho realizado estaria perdido, não fosse a possibilidade de se realizar as conferências livres. Elas são informais. Podem ser organizadas e realizadas nas redes sociais. Podem reunir pessoas com perfis totalmente diferentes. Podem ser realizadas durante dias, sem horários preestabelecidos. O tempo não é um limite, pois se está a discutir a todo o momento.

Esse ambiente aberto estimula que as melhores ideias surjam, a partir da interação de indivíduos de perfis, interesses e formações completamente diversos, cujo propósito comum é pensar políticas públicas eficientes. Ambientes dessa natureza – descentralizados, nos quais as pessoas podem compartilhar informações em rede, sem fins econômicos diretos – são a melhor forma de se produzir ideias inovadoras.

Segundo o pensador Steven Johnson, que acaba de lançar no Brasil a obra De onde vem as boas ideias, a maior fonte de inovações, a partir do século 19, foram justamente ambientes não comerciais e descentralizados. E isso vale, segundo ele, ainda mais para o setor público. "Quanto mais o governo pensar sobre si mesmo como uma plataforma aberta em vez de uma burocracia centralizada, melhor será para nós, cidadãos, ativistas e empresários", afirma Steven Johnson.

É nesse novo contexto – totalmente avesso à velha política de caciques medíocres que dominam partidos e militâncias – que as conferências livres estão inseridas. Se forem apropriadas pelos cidadãos, elas se tornarão os primeiros passos para a construção de políticas públicas inovadoras.

Os jovens de Curitiba que não participaram da Conferência Municipal da Juventude de Curitiba, ou que se viram frustrados ao não conseguirem aprovar as propostas do Eixo 1, dadas as limitações do modelo utilizado, ainda podem trabalhar suas propostas. Basta adotar o modelo de conferência livre. O prazo para a realização de etapas livres termina em 30 de setembro. Até lá, as deficiências do modelo tradicional de conferência podem ser resolvidos. E ideias inovadoras podem surgir.

Saiba mais:

Se quiser realizar uma conferência livre, não perca tempo

1) Saiba como organizá-la pelo link http://conferencia.juventude.gov.br/documentos/manuais-orientadores/manual-das-conferencias-livres.

2) Para realizá-la, é preciso cumprir alguns requisitos: reunir no mínimo 10 pessoas, a discussão deve ocorrer a partir do "Texto-base da 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas para a Juventude". O relatório deve ser enviado para o e-mail conferencia.livre@presidencia.gov.br.