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Traída pela linguagem

"Não temos. Não temos mais dinheiro para jogar pela janela", afirmou a presidente Dilma Rousseff, na primeira reunião que fez com ministros do novo mandato. A pergunta que fica: antes o governo federal estava jogando dinheiro pela janela?

Fim de cascatas 1

Num cenário de crise financeira grave, como a que vive o estado do Paraná, pega muito mal para os deputados estaduais reajustar os salários em 26%. A justificativa do aumento é a existência de uma norma estadual que determina o aumento em cascata, toda a vez que houver reajuste dos deputados federais. Se o aumento em cascata é feio para outros poderes, para os representantes do povo é ainda pior. De nada adianta posarem de bonzinhos com "cheque" em que "devolvem" milhões de reais ao governo do estado, como fez o deputado Valdir Rossoni (PSDB) durante a diplomação no ano passado.

Fim de cascatas 2

Se quiserem mostrar seriedade administrativa e capacidade de gestão, os deputados deveriam seguir por outro caminho. O primeiro deles, acabar com a lei que criou o aumento automático, toda a vez que sobem os salários no governo federal. O segundo, reduzir o orçamento da Assembleia drasticamente. O estado passa por sérias dificuldades e não pode ser prejudicado porque orçamentos de outros poderes estão superdimensionados.

O apagão no transporte público fez Curitiba cheia de confusão e aborrecimentos nos dois primeiros dias úteis desta semana. Sem um único ônibus nas ruas, os táxis em horário de pico custavam muito tempo para ser encontrados por quem quer que fosse. Ou seja, os cidadãos sem carro ficaram impossibilitados de conduzir suas vidas regularmente. A imobilidade urbana causou um mal-estar generalizado na segunda-feira e na terça-feira e fez pensar que soluções que passem ao largo da gestão pública seriam para lá de bem-vindas.

Sucessivos erros em licitações e na gestão dos contratos deixam a impressão de ineficiência administrativa nas esferas municipal e estadual. A gestão de transporte metropolitano é complexa, as dificuldades se somaram ao longo dos anos, e dificilmente soluções ágeis e duradouras encontrarão espaço para ser implementadas. Nesse cenário, a tecnologia pode ser colocada a serviço do cidadão.

Em várias cidades do mundo a empresa do Vale do Silício que criou o Uber – serviço que permite arranjar carona paga por celular – tem feito relativo sucesso com os cidadãos. Porém, não sem deixar taxistas irados ou governos incomodados com a falta de pagamento de impostos. Para os tempos de crise do transporte da capital, certamente aplicativos web ou para celular deverão fazer parte da solução.

Entretanto, numa cidade com fama de ter um povo mais reservado, como Curitiba, é possível que tecnologias como a do Uber não sejam adotadas com facilidade – as pessoas podem relutar em chamar motoristas não credenciados (como são os taxistas) para conduzi-los pelas ruas. O medo de assaltos e agressões pessoais são outras barreiras que impedem a disseminação de um serviço dessa natureza.

Um aplicativo, porém, que trabalhasse a ideia de compartilhamento de carros entre vizinhos e amigos tende ser uma solução útil em tempos de crise. Quando o sistema de transporte tradicional entra em colapso momentâneo, para evitar a paralisia da vida em sociedade, até mesmo os cidadãos mais reservados tendem a aceitar inovações.

Difícil dizer se uma tecnologia que privilegiasse a carona entre conhecidos (amigos de amigos) e vizinhos poderia se tornar rentável no longo prazo. Porém, sua utilidade social é indiscutível.

Ela poderia mudar padrões de comportamento público. Tornar o cidadão urbano mais adaptável às sucessivas crises públicas. E estimular um sentimento saudável de que a sociedade tem condições de se auto-organizar mesmo quando o poder público tem dificuldades de prestar serviços públicos essenciais.

Onde o Estado falha, os empreendedores sociais podem triunfar.

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