O conformismo estimula a corrupção

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"Tão grave quanto a corrupção é se conformar com ela." Essa é a mensagem mais importante do vídeo de três minutos da II Marcha Contra a Corrupção, que circula no YouTube. A essa altura já é notório que um novo protesto está programado para acontecer em todo o país na próxima semana, no dia 12 de outubro. Já se sabe também que a marcha está confirmada no Paraná em pelo menos duas cidades – Curitiba e Londrina. O que não está claro, entretanto, é se os paranaenses irão aderir em massa à manifestação.

Na capital do estado, local em que se imaginaria haver uma grande adesão, não só por ser o centro decisório do Paraná, mas por ser também palco de escândalos políticos recentes, a mobilização ocorrida no Sete de Setembro foi pífia – apenas cerca de 80 corajosos saíram às ruas num dia frio e chuvoso. Se o comportamento dos curitibanos se repetir, estará se diluindo a expectativa de um movimento amplo contra a corrupção na capital paranaense.

O sucesso da marcha na capital deve depender do apoio de grupos organizados. Embora o movimento seja apartidário, nada impede que os mais diversos grupos participem na condição de cidadãos. Será que desta vez as entidades estudantis irão aderir ao movimento? Será que os jovens militantes de partidos estão realmente preocupados em lutar contra a corrupção, ou realmente padecem da síndrome do bom cordeiro? Será que grupos setoriais da sociedade – como sindicatos, pastorais, o movimento LGBT, entre outros – irão usar seu poder de mobilização para lutar por uma causa mais ampla?

A acomodação seria perfeitamente compreensível caso a população não tivesse razões para se preocupar com denúncias de corrupção no estado. A Câmara Municipal de Curitiba convive atualmente em meio a suspeitas de irregularidades envolvendo o presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), sua esposa e contratos de publicidade milionários. No passado recente, em 2010, a Gazeta do Povo e a RPC/TV divulgaram a série de reportagens Diários Secretos, denunciando a existência de um esquema na Assembleia Legislativa do Paraná que pode ter levado ao desvio de mais de R$ 200 milhões. Motivos para a irresignação não faltam.

Os organizadores da II Marcha Contra a Corrupção têm totalmente razão ao declarar que o conformismo é tão grave quanto a corrupção. Manter-se em silêncio diante dos escândalos de desvio de verba pública, de aparelhamento de ministérios ou de comportamentos patrimonialistas, é a melhor forma de incentivá-los. É por isso que a mensagem dos organizadores da Marcha é atual. Para quem quiser ver o vídeo no Youtube, o título do vídeo é "O povo acordou, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou nós paramos o Brasil."

Como se vê, eles são otimistas. Ou, quem sabe, talvez somente o povo de Brasília tenha acordado. Faltaria, então, o despertar da po­­pulação de outros estados.