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Incertezas vertiginosas 1

A política de fim de ano segue numa escalada vertiginosa de fatos incômodos. Aumento de salários e benefícios para membros da elite política foram votados na Câmara dos Deputados e no Senado em um só dia, atravessando a noite da última quarta-feira e deixando uma conta amarga para os cofres públicos – de R$ 2,85 bilhões ao ano. Na segunda semana seguida, a Assembleia Legislativa, que não tem ficado atrás quando o assunto é desrespeitar a democracia, mais uma vez aumentou tributos em votações relâmpagos na terça-feira. De outro lado, a crise na Rússia ameaça a economia brasileira. E para completar, a Operação Lava Jato está na iminência de abalar grandes partidos brasileiros.

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A incerteza política e econômica vai se traduzindo em medo e prudência. Para citar um exemplo, a indústria paranaense registrou para 2015 o menor índice de otimismo desde que as sondagens começaram a ser realizadas, em 1996, pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e pelo Sebrae-PR. Apenas 57,4% das empresas pesquisadas no estado acreditam em um ambiente favorável no próximo ano. No âmbito federal, a União vem dando sinais de que pretende aumentar impostos e cortar gastos.

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Dificuldades na coordenação política e econômica, patrimonialismo corporativo, corrupção. Esses três males têm acometido a administração pública brasileira. Apesar do diagnóstico, é difícil apontar soluções. Qual a sua opinião?

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Se há movimentos organizados que poderiam contribuir significativamente para combater a corrupção esses grupos são os que compõem as militâncias dos partidos. Corrupção não tem cor partidária. Não é monopólio de legendas de esquerda ou de direita. O que hoje impressiona é a defesa intransigente e emotiva que se faz dos acusados em escândalos de desvio de recursos públicos.

Isso não é nada saudável para uma democracia. Dificulta o entendimento sobre a necessidade de transparência, fiscalização e punição de corruptos. As defesas emocionais de acusados em escândalos podem sugerir alienação, conivência ou, pior, participação em atos ilegais.

O juiz federal Sérgio Moro vem conduzindo de forma magistral os processos decorrentes da Lava Jato. O trabalho da força tarefa do Ministério Público Federal tem sido exemplar. Essa postura irretocável dificulta que militantes dos partidos envolvidos acusem o juiz e procuradores de serem tendenciosos no julgamento. Espera-se, agora, o mesmo zelo diligente da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal – os órgãos competentes para denunciar e julgar os deputados que estão de algum modo envolvidos no escândalo de desvio de recursos da Petrobras.

A Operação Lava Jato promete abalar grandes partidos em 2015, entre eles o PT, o PMDB e o PP. A sociedade deveria poder contar com os militantes desses partidos para: (a) remover de cargos de lideranças os políticos acusados, até que ocorra o julgamento deles; (b) impedir o surgimento da retórica da vitimização, se forem condenados.

Os cidadãos brasileiros já viram o discurso da vitimização no julgamento do mensalão. Funcionou apenas para parte da militância do PT. Persistir na retórica da perseguição política foi muito ruim para o partido. Isso porque, ao isolar dirigentes partidários envolvidos em escândalos de corrupção, as legendas se fortalecem. Remover os maus elementos é especialmente importante para que das militâncias possam ascender novas lideranças. Permite o surgimento de um novo ciclo de lideranças, mais oxigenadas e conectadas com a sociedade.

Serão os militantes que irão fortalecer os partidos. Eles podem, e devem, ser os indutores das boas práticas na política, da defesa intransigente da democracia e do respeito à coisa pública. A conivência da militância de hoje – seja de direita ou esquerda – é fator que contribui para o sistema permanecer viciado. É o que ajuda a produzir partidos sem programas claros e com fracas lideranças.

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