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O Coro da Multidão

Planejamento estratégico contra o patrimonialismo

A principal luta ideológica do Brasil na atualidade não ocorre entre "direita" e "esquerda", mas entre republicanos e patrimonialistas. A disputa entre direita e esquerda arrefeceu porque, apesar das diferentes matizes ideológicas, os partidos dominantes têm adotado posições de centro para evitar a perda de votos, ao mesmo tempo que, quando no poder, se envolvem em práticas escu­­­sas. Assim, sem discurso consistente e com práticas igualmente condenáveis, a discussão ideológica mudou de foco. Hoje o embate se dá entre aqueles que querem um Estado a serviço da sociedade (republicanos) e aqueles que querem se apropriar dos bens estatais para uso pessoal, familiar ou partidário (patrimonialistas).

Como boa parte dos grupos políticos que estão no poder adota práticas antirrepublicanas, os patrimonialistas apresentam hoje uma enorme vantagem sobre os republicanos. Para que esse embate não seja totalmente desigual, os cidadãos e os novos movimentos sociais que estão aderindo à bandeira republicana podem se valer de uma arma poderosa para assombrar os patrimonialistas. E essa arma é o planejamento estratégico.

Sem planos consistentes, os novos movimentos sociais não passarão de protestos de reclamadores, com dificuldade para realizar a mudança que desejam. Segundo o professor Denis Rezende, pós-doutor em Administração pela USP, a falta de planejamento é o motivo da frustração de boa parte das pessoas que não consegue executar seu projetos. "Isso vale tanto para indivíduos quanto para movimentos sociais." Um plano de atuação consistente, segundo o professor, envolve em primeiro lugar a identificação de dificuldades, problemas e desafios. Em segundo, a elaboração de objetivos quantificáveis. Em terceiro, a definição de estratégias que permitam alcançar os objetivos pretendidos. E, por fim, é necessário desenvolver ações que possam dar conta de minimizar problemas. e atingir o fim desejado.

O caso mais bem sucedido na luta por um país republicano provavelmente é o do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Envolvendo organizações sociais e religiosas, o MCCE batalhou arduamente pela viabilização do projeto de iniciativa popular que veio a ser conhecido como Lei da Ficha Limpa. Neste momento, vivenciamos a primeira eleição na qual a Ficha Limpa é aplicada, funcionando como um primeiro filtro a separar o joio do trigo político.

É impossível prosperar no caos. Não faria mal aos novos movimentos sociais mirar em exemplos como o do MCCE. Estabelecendo objetivos claros, com estratégias e ações eficazes, é possível enfrentar o dragão do patrimonialismo em igualdade de posições. Sem esse trabalho, da mesma forma que surgiram, os novos movimentos irão se desmantelar. Suave e espontaneamente.

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