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Mandela

Ícone da luta pela igualdade racial, Mandela tem uma trajetória política de superação, resistência e vitória. Teve uma curta participação como líder da guerrilha Umkhonto we Sizwe, aderiu ao pacifismo, foi condenado à prisão perpétua, passou 27 anos preso e, ao sair da prisão, em 11 de fevereiro de 1990, reafirmou sua luta pela igualdade racial na África do Sul. Madiba, como é conhecido em sua terra natal, vai ser lembrado pela sua perseverança e pela vitória sobre o regime racista do apartheid. O corpo faleceu, mas, para gente como Mandela, a morte não existe. Sempre, em algum canto do mundo, seu exemplo estará sendo lembrado. De manhã, de tarde e de noite.

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Todas as atenções do dia de hoje estão voltadas para o sorteio das chaves da Copa do Mundo de 2014 e, por essa razão, seria um desperdício de espaço do jornal ignorar um assunto tão esportivo quanto político. A essa altura, faltando seis meses para o início do torneio, já dá para fazer um retrato do momento político brasileiro, com todos os seus vícios e problemas. Aqui vão seis reflexões sobre a Copa no Brasil:

1) Incapacidade gerencial

Muitas obras estão atrasadas. Levantamento da Infraero de setembro deste ano mostrou que em sete dos oito aeroportos geridos pela estatal havia atraso nas obras de infraestrutura. Até o final de outubro, 40 das 151 obras prioritárias do setor elétrico para a Copa estavam atrasadas. O prazo estabelecido pela Fifa para que os estádios ficassem prontos era 31 de dezembro deste ano, mas nenhuma das seis praças que não foram usadas na Copa das Confederações será concluída até o fim de 2013. Fica evidente a dificuldade de planejamento e execução de projetos.

2) Desperdícios

Os estádios de Brasília, Cuiabá e Manaus estão fadados a se tornarem elefantes brancos. Não possuem público nem projeto para serem usados depois da Copa.

3) Legado?

Ninguém sabe dizer qual será o legado da Copa do Mundo para a população brasileira. Matéria publicada ontem pela Gazeta do Povo mostra um cenário desanimador para a cidade de Curitiba. Além de realizar uma série de obras de mobilidade do PAC da Copa e de participar na reforma da Arena, a prefeitura terá de arcar com um custo extra de R$ 71,6 milhões com estruturas temporárias, o entorno do estádio e a Fan Fest.

4) Falta de transparência

Estudo do Instituto Ethos divulgado nesta semana mostra que seis das 12 cidades-sede do Mundial tiveram avaliações abaixo da média no quesito transparência dos gastos e andamento das obras para a Copa.

5) Custos crescentes

Além dos atrasos, os custos só aumentam. Estimativa de junho deste ano do secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes, é que sejam gastos R$ 28 bilhões de recursos públicos federais, estaduais e municipais. Entretanto, analistas acreditam que se houver novos protestos no país o custo pode aumentar, porque a Lei Geral da Copa estabelece que o governo federal deve assumir a responsabilidade por danos ou acidentes de segurança na competição.

6) Manifestações

Na Copa das Confederações, em junho deste ano, os protestos criticaram os gastos vultosos para o país receber a Copa do Mundo em 2014. Há temores de que em junho do próximo ano milhares de pessoas voltem as ruas. Entretanto, isso é incerto. Os black blocs podem inibir novas manifestações de massa. Além disso, com uma eleição em curso, haverá o temor dos manifestantes de serem usados politicamente.

Retrato brasileiro

Esses seis fatos envolvendo a preparação da Copa do Mundo acabam por compor o retrato político do país: incapacidade de gestão de projetos, descomprometimento com a eficiência, falta de visão sobre o futuro da nação, dificuldade em conduzir investimentos de forma transparente e insensibilidade política. Nem mesmo as manifestações de junho foram suficientes para que a chamada "pauta positiva" fosse além da derrubada da PEC 37, que pretendia limitar os poderes de investigação do Ministério Público. A Copa e seus problemas funcionam neste momento como um microcosmo das dificuldades corriqueiras da política brasileira.

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