Dois anos antes do fim do prazo, a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, conseguiu atingir a meta de plantar um milhão de árvores, no programa de reflorestamento urbano chamado “MillionTreesNYC”. As mudas de árvores foram espalhadas por toda a cidade com o apoio de voluntários. Como uma coisa é plantar e outra é fazer vingar a ideia de uma cidade arborizada, a prefeitura de Nova York planeja lançar nova campanha–“Ame uma árvore”, que vai estimular cidadãos a adotarem árvores nos bairros e a cultivá-las. Pretende economizar, assim, parte dos US$ 6,1 milhões que teria de gastar em manutenção.
A notícia foi publicada no site Catraca Livre na última quarta-feira (18) e evidencia algo que foi denominado pelo cientista político norte-americano Robert Putnam como capital social. Conceito que define práticas e relações de confiança existentes entre cidadãos em uma sociedade, que gera um sistema virtuoso de cooperação e participação cidadã. Para o cientista político, quanto maior a capacidade dos cidadãos de terem confiança mútua e quanto maior o número de associações numa sociedade, maior capital social tem uma comunidade.
Na obra C omunidade e Democracia: a Experiência da Itália Moderna, Putnam analisa as diferenças entre o sul e norte italianos e postula a existência de uma correlação entre esse conceito e o nível geral de bem-estar da população de um território – quanto maior for o capital social, melhor a qualidade de vida e o nível de prosperidade do lugar.
Desenvolver uma sociedade engajada em realizar o bem público, embora desejável, não é tarefa para amadores. Felizmente a tecnologia de informação vem facilitando e transformando as relações sociais reduzindo o custo para reunir pessoas, compartilhar ideias e desenvolver projetos conjuntos, assim como para agregar novos colaboradores em propósitos transformadores. Na literatura de inovação e empreendedorismo, Salim Ismail e Peter Diamandis desenvolveram o conceito de organizações exponenciais para tratar de empresas e entidades que conseguem crescimento extraordinário em poucos anos. Eles criaram inclusive uma instituição – a Singularity University – para trabalhar essas ideias, cuja missão é criar produtos e serviços que transformem a vida de um bilhão de pessoas.
É possível acelerar a geração de capital social. Um propósito bem definido, o uso de tecnologia e o apoio da comunidade podem, quando alinhados, produzir resultados similares aos obtidos pelos cidadãos de Nova York.
O Estado não precisa ter a arrogância de achar que vai resolver todos os problemas da sociedade. Nem os cidadãos precisam ser imaturos em esperar que a solução de todos os problemas sejam resolvidos pelo governo. A melhor aposta hoje é o governo facilitar que os cidadãos os ajude a resolver problemas e a criar um lugar de maior qualidade para se viver.
Elementos para abraçar essa visão não faltam. Aos poucos, vai se proliferando no Paraná comunidades “maker”, hacker ativistas e novos atores sociais. Esse pessoal já está transformando o estado.



