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Será que agora o metrô de Curitiba sairá do papel? E a licitação para o lixo, esperada para os próximos meses, será realizada? E que tal juntar essas duas demandas e tentar fazer um projeto único, pensando no futuro da cidade?

Não tenho conhecimentos em engenharia, mas me parece bastante claro: já que a prefeitura pretende mesmo escavar as veias centrais de Curitiba para construir uma rede de metrô, seria interessante aproveitar o momento para construir outras tubulações subterrâneas. Como o transtorno com a escavação será monstruoso (partindo do pressuposto que será feita – ainda tenho dificuldades para imaginar que o metrô se tornará realidade), é de se esperar que, ao final da obra, tenhamos ganhos proporcionais.

Uma possibilidade que já é utilizada em outros pontos da cidade, e imagino que será ampliada, é o aterramento da fiação elétrica. Mas Curitiba poderia ir além, e inovar em outras áreas.

Uma proposta realmente inovadora seria a instalação de túneis subterrâneos para o transporte de lixo. O sistema já é realidade em pelo menos uma centena de cidades da Europa e da América do Norte, e está chegando aos países ricos da Ásia. A tecnologia está disponível desde 1961, mas ficou mundialmente conhecida após Barcelona adotá-la na Vila Olímpica, para os Jogos de 1992.

O sistema de coleta e transporte subterrâneo em Barcelona está sendo ampliado aos poucos. O alto custo é um limitador. Segundo informações divulgadas na mídia brasileira, são necessários 50 milhões de euros para atender 18 mil famílias. A meta é cobrir 70% da cidade até 2018.

Em Barcelona, o sistema funciona assim: tubos coletores de lixo orgânico e reciclável estão espalhados pelas ruas e em edifícios novos. Os moradores depositam diretamente o lixo pela boca do coletor, que tem uma tampa que impede a retirada posterior. O lixo é levado a um duto subterrâneo que fica a uma distância de aproximadamente cinco metros abaixo do solo, e um sistema de sucção encaminha o lixo em uma velocidade de até 70 quilômetros por hora para um centro de triagem, para a separação e posterior reutilização em usinas. O sistema elimina a necessidade de caminhões circulando pela cidade e do custoso transporte até uma usina ou aterro.

Contratos milionários

O modelo de Barcelona é bastante ousado, e talvez não seja a melhor proposta para Curitiba, mas poderia ao menos ser levado em conta, ainda mais em um momento em que as escavações vão cortar a cidade. O ponto central, entretanto, é este: precisamos discutir soluções modernas e inovadoras para a destinação do lixo, porque é impensável manter o sistema vigente, que é ultrapassado e nada barato.

Há um mês, falando sobre resíduos sólidos, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, fez uma constatação terrível: o maior subsídio pago pelo município é para sustentar a coleta e transporte de lixo. O sistema não se paga, pois é muito caro. Reportagem da Gazeta do Povo de quinta-feira mostrou o tamanho do rombo: em dois anos, o valor dos contratos de lixo das prefeituras da Região Metropolitana de Curitiba aumentaram pelo menos 50%. Para coletar, transportar e depositar o lixo em aterro, o gasto anual de Curitiba beira os R$ 220 milhões.

Várias situações pressionam atualmente o custo do lixo, mas há três mais graves: o aumento da renda das famílias (mais dinheiro resulta em mais consumo e mais resíduo); os custos de transporte (gasolina e tempo gasto no percurso); e a dificuldade de se achar terrenos próximos aos grandes centros para o depósito do lixo.

O consórcio formado por 21 municípios da RMC está estudando maneiras de transformar o lixo em dinheiro – há muito potencial, tanto para o resíduo orgânico como o reciclável. Para isso, já há tecnologia disponível. A dificuldade está em formatar uma licitação e transformá-la em um contrato que gere benefícios para o cidadão. Mas seria pedir demais por uma solução urbana inovadora?

Censura prévia

Não é exatamente o que ocorre, mas a sensação é parecida: ao enviar um projeto para apreciação urgente da Assembleia Legislativa, o governador Beto Richa aplica uma espécie de "censura prévia" a toda a sociedade, pois impossibilita a discussão sobre o assunto.

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