Osmar Serraglio, ministro da Justiça, e Ricardo Barros, ministro da Saúde| Foto: Montagem - Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados e Rodrigo Nunes/MS

Com a nomeação do deputado Osmar Serraglio (PMDB) para o comando do Ministério da Justiça, dois dos mais importantes ministérios do governo federal ficaram na mão de paranaenses. Na pasta da Justiça – em tempos de Lava Jato e crise nas penitenciárias – Serraglio ganha protagonismo no governo federal. Enquanto isso, no Ministério da Saúde, Ricardo Barros (PP), comanda um orçamento de R$ 115 bilhões.

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Força institucional

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Os dois ministros paranaenses ganham proeminência em campos distintos do governo. No Ministério da Justiça, Serraglio assume importante posição institucional. Apesar de já ter declarado em entrevista à Gazeta do Povo que a pasta não tem relação com a Lava Jato, cabe a Serraglio garantir que o governo não interfira nas investigações. Ainda que ele tente se distanciar desta função, a cobrança acontecerá, do mesmo modo que aconteceu com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça de Dilma e Alexandre de Moraes, o primeiro escolhido de Temer.

Força política

À frente do ministério da Saúde, Ricardo Barros ocupa um dos principais cargos na articulação política do governo. Como costumam dizer os parlamentares, o Ministério da Saúde – além de um exuberante orçamento – tem muita capilaridade; ou seja, permite ao gestor que esteja em contato com deputados e prefeitos e que possa viajar o país inaugurando instalações de saúde.

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A agenda do ministro Ricardo Barros é prova dessa força política. Desde que assumiu o cargo, já recebeu 586 visitas de deputados federais, estaduais e outros políticos em seu gabinete. Além disso, Barros já fez 53 viagens oficiais pelo Paraná, onde visitou 18 municípios.

Reflexos no estado

Para o cientista político Márcio Cunha Carlomagno, da Universidade Federal do Paraná, a nomeação dos dois ministros não está diretamente relacionada à força ou importância do estado, mas sim a articulações e questões políticas específicas.

Para ele, o Paraná se beneficia politicamente por ser colocado em evidência no cenário nacional, entretanto, isso não reflete, necessariamente, que o estado vá se beneficiar com a maior destinação de recursos.

“Isto depende de Ministério para Ministério, pois cada pasta tem capacidades distintas para alocar recursos, além de finalidades diferentes. Esta possibilidade é mais evidente no caso do Ministério da Saúde, que possui maior capacidade de transferências de recursos [...] Mas só poderíamos afirmar ou negar isso com base em dados sobre os gastos do ministério”, avalia.

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Outro ponto destacado por Carlomagno é a diferença de perfil dos ministros paranaenses de Temer – com atuação destacada no parlamento – comparados aos de Dilma – que se dedicavam mais à atuação partidária.

“É notório que Temer procura ser mais próximo do parlamento do que sua antecessora, e este fato é mais uma evidência disto. A consequência mais clara talvez seja justamente uma aproximação ainda maior entre Executivo e Legislativo, com o presidente Temer ampliando seu espaço de articulação e inserção em sua base aliada”, analisa.