
A partir de amanhã, os eleitores poderão conhecer um pouco mais sobre os candidatos às eleições municipais de 2008, com o início do horário eleitoral gratuito. Serão mais de 40 dias de programas, veiculados na televisão e no rádio, período muito esperado pelos concorrentes que vêem nele um precioso instrumento para conquistar o eleitorado , mas nem tanto pela maior parte das pessoas que decidirão o pleito.
Uma pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo com eleitores da capital mostra que 61% não pretendem assistir à propaganda gratuita. São pessoas que aproveitarão o tempo destinado aos candidatos para ver filmes, trabalhar ou até mesmo arrumar a casa.
Para os 39% que pretendem acompanhar o "desfile" de aspirantes a prefeito e vereador, no entanto, a oportunidade pode ser fundamental na hora de decidir o voto. De três a cada quatro dos entrevistados afirmam que os programas podem influenciar na escolha do candidato a prefeito e mais da metade, 51%, reconhecem que as propostas apresentadas durante esse período já foram capazes de definir o seu voto em outras situações.
Para a cientista política Luciana Veiga, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o poder do horário eleitoral é realmente incontestável, pois ele determina o começo da disputa para uma grande parte da população, a que tem o rádio e a tevê como fontes de informação quase que exclusivas. "Quando a propaganda invade a casa da pessoa, ela marca, para o bem ou para o mal, o início da política. O eleitor passa a se preocupar efetivamente com o voto", justifica.
A pesquisadora do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Alessandra Aldé afirma que, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou a realização de showmícios e a distribuição de brindes nas campanhas além de outras restrições relativas à propaganda , os programas ganharam um peso ainda maior. "Os candidatos, principalmente os do majoritário (prefeitos, governadores e presidente), concentraram suas estratégias no horário eleitoral."
E é justamente esse poder de influência que inspira os candidatos à prefeitura de Curitiba, principalmente os oposicionistas, que, mesmo juntos, ainda não ameaçam o favoritismo de Beto Richa (PSDB). A despeito de todos os números a favor do tucano nas últimas pesquisas o prefeito, que tenta a reeleição, sempre apareceu com mais de 70% das intenções de voto , os adversários mantêm a esperança de virada, baseados na força atribuída ao horário eleitoral.
O coordenador da campanha petista, André Passos, vê nos preciosos minutos de tevê a chance de Gleisi Hoffmann que debuta em eleicões majoritárias e aparece em segundo lugar na corrida se aproximar de Beto. "Todos os candidatos são novatos nas majoritárias. Muita gente vai conhecê-los na propaganda. A nossa expectativa não é outra senão o crescimento da Gleisi", diz.
Tão esperançoso quanto o petista ou até mais está o candidato Fabio Camargo, do PTB. "Nossa meta é chegar ao começo de setembro com dois dígitos (na primeira rodada do Ibope, o petebista aparecia com 4%), depois ultrapassar a Gleisi e forçar o segundo turno. Eu vejo um final de campanha dramático, como a do Cassio (Taniguchi) contra Vanhoni, em 2000", arrisca.
Apesar de toda a força da propaganda gratuita, para os mais empolgados vale a ressalva feita por Luciana Veiga. "O horário eleitoral serve para conquistar votos e dar argumentos aos eleitores já decididos para que eles multipliquem seu voto. Ele em si não é capaz de reverter um quadro tão definido, como se vê aqui em Curitiba", adverte.





