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Depoimento prestado na Operação Lava Jato pelo delator Fernando Soares, o Baiano, revela o papel do empresário Gregorio Marin Preciado, descrito pelo Ministério Público Federal como “operador”, no episódio de pagamento de propina durante a compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena (EUA).

De origem espanhola e radicado no Brasil, Preciado é casado com uma prima do senador José Serra (PSDB-SP) e ajudou em campanhas eleitorais do PSDB de São Paulo.

De acordo com o depoimento de Baiano, tornado público nesta segunda-feira (16) nos autos da Lava Jato, Preciado ficou com US$ 500 mil ou US$ 700 mil por ter cedido uma empresa sob seu controle e registrada em nome de familiares, a Iberbrás Integración de Negocios y Tecnologia, para recebimento e distribuição de uma propina no valor de US$ 15 milhões relativa à venda da refinaria. A informação foi revelada pelo “Correio Braziliense” -a reportagem teve acesso ao mesmo documento.

Segundo Baiano, o dinheiro entrou nas contas da Iberbrás e foi repassado, em parte, a funcionários da Petrobras, incluindo dois ex-diretores, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

Baiano contou que o homem na Astra responsável por montar a operação de pagamento, Alberto Feilhaber, disse que precisava de uma empresa para justificar a saída do dinheiro dos cofres da Astra, por meio de um contrato fictício de prestação de serviços.

Baiano então recorreu a Preciado, com quem tinha trabalhado no passado. O espanhol, segundo Baiano, aceitou fechar o contrato e manteve diversas reuniões sobre o assunto com ele e o representante do grupo de funcionários da Petrobras interessados no recebimento da propina.

De acordo com Baiano, os US$ 15 milhões que saíram da Astra e chegaram às contas da empresa da família de Preciado foram divididos da seguinte forma: US$ 5 milhões para Alberto, US$ 6 milhões para funcionários da área internacional da Petrobras, incluindo Cerveró, e US$ 4 milhões divididos entre Paulo Roberto Costa e o próprio Baiano. Foi dessa última parcela que Baiano repassou entre US$ 500 mil e US$ 700 mil para Preciado em contrapartida pelo uso de sua empresa.

O relato de Baiano já foi confirmado documentalmente pela Lava Jato em pontos relevantes: registros bancários de pagamentos no exterior aos funcionários da Petrobras e diversos repasses de Baiano para a sócia-proprietária da Iberbrás, filha de Preciado. Ela recebeu do delator R$ 1,63 milhão, conforme consta em trecho da denúncia oferecida pela PGR (Procuradoria Geral da República) contra o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

Os arquivos da Petrobras obtidos pela PGR também que em diversas reuniões mantidas com Costa na sede da Petrobras, no Rio, Baiano apresentava-se como representante da Iberbrás.

Preciado foi procurado pela Folha na tarde desta segunda-feira (16), mas não foi localizado. Em dois telefones registrados em seu nome, em Porto Seguro (BA) e São Paulo, ele não foi encontrado.

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