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"Não se trata de caça às bruxas, mas há o tempo de atirar pedras e o tempo de juntá-las."

Do deputado tucano Gustavo Fruet, reeleito com a maior votação do estado, pregando a restauração da boa convivência entre os grupos em que se dividiu o PSDB no Paraná.

Diante do estrago na cristaleira, quando um elefante passou por lá um dia depois da eleição, o vice-governador Orlando Pessuti trata agora de fazer o papel de algodão. O nível de radicalização das forças sociopolíticas paranaenses chegou a tal ponto que, segundo ele, é necessário iniciar urgentemente um processo de descompressão.

Seria, na sua visão, algo parecido com uma "concertación", como a havida na Espanha pós-Franco e no Chile pós-Pinochet. Em ambos os casos, o que houve foi uma coalizão de partidos de diferentes tendências para assegurar a paz e a governabilidade.

Pessuti não chega a propor uma aliança em nível partidário, mas considera que é hora de Requião buscar reaproximar-se ou, no mínimo, estabelecer uma convivência pacífica com setores que se alinharam com a banda da oposição.

Entre os setores que Pessuti reputa como mais importantes para participar da "concertación" estão o agronegócio e os meios de comunicação. Na sua opinião, ambos fizeram minguar os votos para Requião.

De um lado, pela insatisfação das cooperativas com a política contrária aos transgênicos; de outro, porque a imprensa não foi levada a divulgar as ações e as obras do governo estadual. A falta de divulgação é apontada por Pessuti como a principal dificuldade eleitoral que Requião enfrentou nos grandes centros.

A "concertación" não será fácil ou tampouco possível. Primeiro, porque não bastam mediadores bem-intencionados – é preciso que o próprio Requião tome a iniciativa. Pouco afeito ao diálogo e com a credibilidade em frangalhos, dificilmente encontrará interlocutores dispostos a ouvi-lo ou a levá-lo a sério. E nem é também de sua natureza seguir o conselho do seu vice: "Ao vitorioso cabe acima de tudo reconhecer onde errou para fazer melhor." Pela simples razão de que ele não erra.

Olho vivo

Segurança 1 – Já começou nos bastidores a disputa por cargos no próximo mandato de Requião. Há os que temem sair e os que tentam entrar. Entre os primeiros, o mais cotado até agora é o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que, na avaliação interna da campanha de Requião, foi um dos responsáveis pela perda de enorme contingente de eleitores.

Segurança 2 – As trapalhadas verificadas na área da segurança começaram com a divulgação do relatório do Ministério da Justiça que colocava o Paraná e Curitiba como campeões nacionais em índice de criminalidade. O Ministério não teve culpa: os dados (errados ou não) foram fornecidos pelo governo do Paraná. Uma correção providenciada às pressas não foi suficiente para estancar a sangria de votos.

Segurança 3 – Outra trapalhada foi a inclusão de 1.400 novos soldados à Polícia Militar sem que tivessem recebido a formação mínima exigida pelos regulamentos. Ao invés de 1.300 horas/aula, o curso foi reduzido para um máximo de 750 para que a formatura se desse convenientemente antes da eleição. Para complicar, no dia seguinte à solenidade (20 de outubro) um desses recém-formados matou a tiros um doente mental em Guarapuava.

Disputa 1 – Enquanto uns correm o risco da defenestração, outros sonham com convites para fazer parte do governo. Para o lugar de Delazari já circula o nome do ex-diretor do Detran Marcelo Almeida, primeiro suplente de deputado federal (85 mil votos). Outro que espera ser convidado é o não reeleito deputado Rafael Greca, para ocupar a secretaria da Cultura. Na cota do PT, Luiz Eduardo Cheida, eleito deputado estadual, voltaria para a secretaria do Meio Ambiente.

Disputa 2 – Os únicos que permanecerão em seus lugares, sem precisar disputá-los com intrusos, são os dois irmãos do governador: Maurício, na secretaria da Educação, e Eduardo, no Porto de Paranaguá. São da cota da família.

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