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Curitiba – Os 15 integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados estão preparados para testemunhar hoje um duelo entre os deputados Roberto Jefferson (PTB–RJ) e José Dirceu (PT– SP). Apesar de falar na condição de testemunha no processo em que o PL pede a cassação de Jefferson por falta de decoro, Dirceu corre o risco de perder o mandato se não descartar as denúncias de que ele sabia dos empréstimos ao PT e do esquema do mensalão.

Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB–PR), o depoimento de Dirceu "não terá meio termo". "Ou ele descredencia o Roberto Jefferson ou sai politicamente cassado." Em sua avaliação, a renúncia de Valdemar Costa Neto (PL–SP) agravou a situação de Dirceu, que passou as duas últimas semanas se preparando para falar.

Fruet prevê quatro saídas para Dirceu. "Ele vai tentar minimizar as denúncias, dizendo que não se trata de caso grave; desqualificar as acusações, negando todos os indícios; atacar outras pessoas, como os depoentes têm feito na CPI dos Correios; ou, se estiver se sentindo abandonado, fazer insinuações contra o presidente Lula."

Na avaliação de integrantes do Conselho de Ética que pertencem ao PT, o quadro é menos grave do que parece.

"Por enquanto, não existe nada que comprometa a testemunha", afirma a deputada Ângela Guadagnin (PT–SP).

Ela considera que a denúncia de que o publicitário Marcos Valério ajudou Dirceu a conseguir um empréstimo de R$ 200 mil no Banco Rural em 2003 não comprova nenhum crime.

Em um ponto, todos concordam: o depoimento vai definir se será necessária uma acareação entre os dois deputados. Os conselheiros prevêem que Dirceu vai acabar provocando manifestações do principal autor das denúncias sobre o mensalão.

Jefferson não poderá falar, mas seus advogados terão direito a fazer perguntas e a rebater afirmações do adversário. A fala do petista será usada também pelos deputados que pretendem chamá-lo a depor na CPI dos Correios.

José Dirceu foge de entrevistas desde que deixou a Casa Civil, em 16 de junho. Ele passou o fim de semana no Paraná, em Cruzeiro do Oeste, na casa do filho Zeca Dirceu, que é prefeito da cidade, mas não falou à imprensa. Zeca disse que o pai estava descansando.

Em nota oficial, Dirceu dá algumas pistas sobre seu depoimento. Ele deve negar as denúncias de troca de favores com o publicitário Marcos Valério e se limitar a falar sobre Roberto Jefferson.

A nota insiste na alegação de que Dirceu não autorizou nenhum assessor a sacar dinheiro de contas das agências de Marcos Valério.

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