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José Sarney e Michel Temer estão no sexto mandato e vão assumir as presidências do Senado e Câmara, respectivamente, pela terceira vez | José Cruz/ABr
José Sarney e Michel Temer estão no sexto mandato e vão assumir as presidências do Senado e Câmara, respectivamente, pela terceira vez| Foto: José Cruz/ABr

Sarney

Meio século de vida pública

O senador José Sarney (PMDB-RN) completa 50 anos de vida pública em 2009. O feito foi comentado pelo parlamentar em um discurso emocionado pouco antes da eleição de ontem. Na prática, ele teve força junto ao Palácio do Planalto ao longo de todos os mandatos que exerceu – de João Goulart, passando pela ditadura militar até a atual gestão Luiz Inácio Lula da Silva. Sarney foi eleito deputado federal pelo Maranhão em 1959 e reelegeu-se para o cargo em 1962. Depois, foi governador do estado entre 1966 e 1970. Desde 1971 já venceu cinco eleições para senador. As últimas três vitórias ocorreram pelo Amapá. Ele transferiu a base eleitoral para o estado em 1991, logo após deixar a presidência da República (1985–1990).

Michel Temer

Poderoso e reverenciado

Presidente do maiorpartido do país, Michel Temer, é tratado com reverência dentro e fora do PMDB pela fama conquistada como advogado e professor. O novo presidente da Câmara dos Deputados é mestre e doutor em Direito e ainda integra o corpo docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Entre os alunos famosos, já esteve o deputado federal paranaense Osmar Serraglio, que acabou desistindo da disputa de ontem na noite de domingo. O paulista cumpre mandatos consecutivos na Câmara há 22 anos. Além disso, já foi procurador-geral do estado de São Paulo e secretário de Segurança paulista nos governos Franco Montoro e Luiz Antonio Fleury.

  • Confira o orçamento da Câmara dos Deputados e Senado

O comando do Poder Legislativo voltou ontem pela terceira vez às mãos de dois dos políticos mais experientes em atividade no Brasil. José Sarney, 78 anos, e Michel Temer, 68, venceram com folga as eleições para a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados e retomaram a hegemonia do PMDB no Congresso Nacional pelos próximos dois anos. Apesar das relações íntimas de ambos com o Palácio do Planalto, eles prometeram trabalhar pela independência do Parlamento.

As vitórias de Temer e de Sarney conferem aos dois grande poder para influir no governo Lula, em especial na sucessão de 2010.

Sarney ganhou a disputa contra Tião Viana (PT-AC) por 49 votos a 32 – oito a mais do que o necessário para garantir a maioria. O maranhense, eleito pelo Amapá, comemorou a vitória e relembrou que completa 50 anos de vida pública em 2009. O ex-presidente da República já havia comandado o Senado entre 1995 e 1996 e entre 2003 e 2004.

Na Câmara, o paulista Temer venceu no primeiro turno por 304 votos contra 129 de Ciro Nogueira (PP-PI) e 76 de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele volta ao cargo que já ocupou por dois biênios (1997-1999 e 1999-2001). O parlamentar também acumula a presidência nacional do PMDB.

Sarney e Temer estão no sexto mandato legislativo. Sem levar em conta a experiência, ambos fizeram discursos de posse em tom de renovação e propuseram modelos de gestão voltados para ajudar o país no combate à crise financeira mundial. "Não me chamem de retrógrado, como se eu fosse um velho que não quer renovar o Senado. Envelheço, mas não envelhece em mim a vontade de lutar pelo Brasil e de me atualizar", afirmou Sarney.

Logo após o resultado da eleição, o senador anunciou duas medidas imediatas. A primeira é o corte de 10% de todas as despesas da Casa, que tem um orçamento anual de R$ 2,7 bilhões – 90% dele comprometido com salário de funcionários ativos e inativos.

"Vamos procurar fazer com que, cada vez mais, a gente tenha melhores serviços, gastando menos", disse. Além disso, declarou que instalará uma comissão permanente com "membros do mais alto nível" para acompanhamento do desenvolvimento da crise.

Sarney amenizou o desgaste gerado pelo embate com um candidato do partido do presidente Lula e também tentou explicar as várias demonstrações de desinteresse em participar das eleições. A eleição do maranhense contrariou um acordo firmado em 2007 entre PMDB e PT, no qual os peemedebistas se comprometeram a apoiar um candidato petista à presidência no Senado em 2009 – e vice-versa na Câmara.

"O PT, como partido, tinha que lutar pelo candidato dele. Eu mesmo, várias vezes, disse que não era candidato. E sabe Deus que eu era extremamente sincero, porque eu não queria acrescentar mais problemas, mais trabalho à minha vida. Mas, infelizmente, a paixão da vida pública é muito maior que a paixão do bem-estar pessoal."

Tião Viana adotou o mesmo discurso apaziguador, assim como integrantes do PSDB, que promoveram na semana passada uma inesperada aliança com o PT. "Vamos respeitar a vontade da democracia", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio, do Amazonas.

Temer anunciou menos medidas imediatas, mas destacou que a Câmara enfrentará logo nos próximos dias desafios "urgentes e ingentes". "Mas não vamos nos atemorizar quando eventualmente tivermos que tomar medidas impopulares." O deputado disse que as atitudes terão de ocorrer mesmo com a pressão da imprensa.

O peemedebista esquivou-se das declarações sobre a interferência do Congresso Nacional na sucessão presidencial de 2010. Por outro lado, afirmou que vai preparar a Casa para debater outros grandes temas – como a reforma política, emperrada durante a gestão Arlindo Chinaglia (PT-SP) – e que se empenhará para melhorar a imagem do Parlamento junto à sociedade. "A dignidade, o tamanho, a estatura pessoal, política, administrativa e moral, a experiência daqueles colegas, homens e mulheres que aqui estão espancarão qualquer dúvida a respeito da eventual inoportunidade de uma medida tomada pela Câmara dos Deputados."

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