
Sete empreiteiras investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato repassaram R$ 63 milhões a empresas de fachada controladas pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, entre 2005 e 2014. No inquérito da PF juntado ao processo, aparecem notas fiscais referentes aos supostos contratos firmados entre as construtoras com a MO Consultoria, Empreiteira Rigidez, GFD Investimentos, RCI e Costa Global Consultoria empresas de fachada de Costa e Youssef.
INFOGRÁFICO: Confira os contratos das empreiteiras com a Petrobras
Juntas, as empreiteiras firmaram contratos com a Petrobras de R$ 59,6 bilhões entre 2005 e 2014, de acordo com a PF. O valor inclui contratos individuais e de consórcios.
No inquérito, a PF mostra notas fiscais, contratos e pagamentos realizados às empresas de Costa e Youssef em troca de prestação de serviços, consultorias, etc. A suspeita dos investigadores é de que esses serviços nunca foram prestados e as empresas de fachada eram usadas para mascarar valores de propina do suposto cartel montado para fraudar licitações da Petrobras.
Mais repasses
A empresa que mais repassou dinheiro para empresas fantasmas foi a Camargo Corrêa. Segundo o inquérito, foram R$ 32,4 milhões para a GFD, MO, Rigidez e Costa Global.
As demais empresas que fizeram repasses a contas controladas por Costa e Youssef são: OAS (R$ 8,6 milhões), Mendes Júnior (R$ 10 milhões), Galvão Engenharia (4,5 milhões), Engevix (R$3,6 milhões), Iesa (R$ 2,4 milhões) e Queiroz Galvão (R$ 1,3 milhão).
A UTC, de acordo com a PF, realizava negócios com a GFD Investimentos, de Alberto Youssef. Entre os negócios discriminados no inquérito estão a compra de terrenos em Lauro de Freitas (BA), no valor de R$ 5,3 milhões, e a compra da marca Web Hotel, por R$ 40 mil. A empresa também teria realizado uma transferência no valor de R$ 17,9 mil à GFD sem declarar o motivo.
Empresas de fachada
Segundo o inquérito da PF, o esquema consistiria no repasse de dinheiro das empreiteiras para empresas de fachada de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef para a prestação de serviços fictícios. Na verdade, seriam apenas para o pagamento de propina.
Empreiteiras dão sua versão sobre denúncia
Em nota, a Mendes Júnior afirmou que não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento. A UTC também informou que não se manifestará.
A OAS informou que "tem prestado todos os esclarecimentos solicitados e fornecido todas as informações e documentos requeridos pela Justiça. A empresa está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações".
A Queiroz Galvão, em nota, reiterou que "todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
Repúdio
A Camargo Corrêa respondeu sobre um repasse de R$ 3,1 milhões para a Costa Global, empresa de Paulo Roberto Costa, afirmando que "repudia as acusações sem comprovação contidas nos depoimentos, e reitera que a contratação da Costa Global [empresa de Paulo Roberto Costa] e a prestação dos respectivos serviços se deram após a saída do ex-executivo da empresa". A assessoria informou que não poderia responder pelo restante dos repasses (R$ 29 milhões) porque foram feitos pelo consórcio do qual a Camargo Corrêa faz parte. Nesse caso, outra assessoria foi contatada, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.
Esclarecimentos



