As empresas Hope Recursos Humanos e Personal Service Recursos Humanos, citadas pelo lobista e delator Milton Pascowitch como fontes de propina ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, mantiveram R$ 6,4 bilhões em contratos com a Petrobras entre 2006 e este ano – alguns dos quais ainda estão em vigor. Os valores dizem respeito a contratos de terceirização de mão de obra e outros serviços de gestão, de acordo com os registros da Petrobras.

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Segundo depoimento de Pascowitch ao Ministério Público Federal (MPF), a Hope repassava 3% sobre o montante líquido recebido da estatal, o que resultava em cerca de 1,5% do valor bruto do contrato.

Quanto à Personal Service, “havia um acordo de pagamentos de valores fixos mensais, apurados contrato a contrato”. A fala de Pascowitch, cuja íntegra ainda é secreta, foi citada pelo juiz federal Sergio Moro no despacho que autorizou a prisão de Dirceu.

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Ainda de acordo com o lobista, os valores mensais somavam, em média, R$ 500 mil, podendo alcançar cifras no patamar de R$ 800 mil por mês. Os valores eram sempre entregues em espécie, conforme ele relatou. Mesmo após o início da Operação Lava Jato, em abril de 2014, a Petrobras continuou a celebrar contratos tanto com a Hope como com a Personal Service.

Em julho do ano passado, a Petrobras contratou a Hope por R$ 1,4 bilhão, via carta-convite, para “prestação de serviços suplementares à gestão e projetos”. A Hope ainda possui 29 contratos em vigor com a estatal, sendo que o mais recente, assinado em 2 de julho deste ano, vale até junho de 2018. Somente em 2015, os contratos da Hope com a Petrobras somam R$ 18,9 milhões.

Os contratos da Petrobras com a Personal Service ainda em vigência são 15. Dentre os acordos, dez foram assinados desde o início da operação que investiga a estatal, sendo três neste ano. O maior contrato da petroleira com a empresa, no valor de R$ 972 milhões – para “serviços suplementares de apoio administrativo” –, foi assinado em dezembro de 2010 e é válido até 2016.

O esquema

No início do esquema, ainda de acordo com o delator, o dinheiro era repassado ao operador Julio Camargo -também delator na Lava Jato. Porém, outros envolvidos no esquema começaram a desconfiar que Camargo não estava repassando toda a propina, e então o próprio Milton Pascowitch ficou responsável pela coleta do dinheiro.

Essa mudança foi repassada tanto à Hope como à Personal Service, segundo relatou Pascowitch ao MPF, pelo funcionário da Petrobras Fernando Moura. De acordo com os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Moura era o contato do ex-ministro Dirceu na Petrobras, responsável por representá-lo na estatal.

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O diretor comercial da Hope, Rogério Penha da Silva, e o presidente da Personal Service, Artur Costa, seriam os responsáveis por repassar o dinheiro, sempre entregue em espécie.

Boa parte da propina tinha como destinatários finais Dirceu, seu irmão Luís Eduardo e o assessor Bob Marques – todos presos na 17ª fase da Lava Jato.

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