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A convenção que homologou este domingo a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo virou palco de duras críticas ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 57 minutos seguidos de discursos, as principais lideranças do PSDB se revezaram no palco montado na Assembléia Legislativa para chamar o governo Lula de "corrupto" e "incompetente" e sugerir que os petistas se apropriaram de obras e programas criados nas administrações dos tucanos.

- (Eles) estão cacarejando sobre os ovos postos por outros - atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o mais contundente dos oradores.

O ex-presidente disse que não teme uma comparação entre suas duas gestões à frente do Palácio do Planalto e o primeiro mandato de Lula. Segundo Fernando Henrique, o governo atual só ganharia num ponto: "há muita corrupção e escândalos".

- Não temos medo de comparação. Venham com qualquer tema. Chega de bazófia, de garganta. E esse presidente fala muito e, quando tem de fazer, deixa para os outros - afirmou ele.

Ao estimular uma comparação de governos, Fernando Henrique disse que Lula não avançou em áreas importantes como Saúde e Educação e deixou de cumprir promessas de campanha, como a criação de dez milhões de novos empregos.

- A esperança que esse governo levantou foi corroída como cupim pelo desmazelo, pela corrupção, os escândalos, o desrespeito à democracia e por um tipo de governo do eu, eu, eu. Vão ver o que vai acontecer com esse eu, eu, eu nas urnas - provocou o ex-presidente, de novo sugerindo que Lula exorbita no auto-elogio.

Ainda em seu discurso, dirigido a uma platéia formada por "companheiros e companheiras", Fernando Henrique disse que o atual governo foi "incompetente" na administração da economia e na punição dos envolvidos em casos como o do mensalão. Por essa razão, acrescentou ele, existira hoje no país um "clima de desânimo".

Segundo a discursar entre os caciques do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do partido à Presidência, deixou de lado o habitual discurso contido para também bater com força em Lula e no PT. Respondendo diretamente à afirmação de Lula de que as "vozes do atraso estão de volta", Alckmin disse que o atual presidente mente ao divulgar conquistas inexistentes.

- Não existe o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico), assim como não existe a transposição do rio São Francisco, o fome zero e tantos outros. O que existe é a mentira. E aprendi com meu pai que a mentira tem perna curta - disse o tucano, acrescentando que o maior atraso seria "a corrupção neste governo".

Estrela do dia, o ex-prefeito José Serra até separou parte de seu discurso de quase 30 minutos para fazer promessas de campanha. Disse que, se eleito, vai buscar a redução de impostos estaduais e priorizar a área da Educação e Segurança no seu governo. Mas o ato de encerramento da convenção, que coincidiu com o aniversário de 18 anos do PSDB, teve novos ataques contra Lula, acusado por Serra de ter "duas caras".

- Somos hoje o que fomos ontem. Não temos do que nos envergonhar. Não mudamos de lado, de cor, de cara. Dizem que sou mal-humorado. Pode até ser, mas tenho uma vantagen: só tenho uma cara - discursou ele, ladeado por Fernando Henrique e Alckmin, a quem Serra chamou de "fiel companheiro".

Na sequência, afirmou que os discursos políticos do PT seriam tão falso como uma nota de três reais.

- Os petistas, os vestais do templo da moralidade, se defendem das acusações dizendo que todos os políticos são iguais. Isso é falso como nota de três reais. Nunca confundimos governo e partido. Nossa escala de valores é outra - disse Serra, cujo maior adversário nas eleições em São Paulo deverá ser o petista Aloizio Mercadante.

Ao final, Serra disse que a diferença entre PT e PSDB e que o tucano, pássaro símbolo do partido, "não gosta de lama".

- Tucano não gosta de lama. Ele voa e sempre está próximo do amarelo das flores e do azul do céu, que são as cores do nosso partido.

Prestigiada por Fernando Henrique e por Alckmin, a convenção que formalizou o nome de Serra nas eleições de outubro teve ainda a presença do governador Claudio Lembro e do prefeito Gilberto Kassab, ambos do PFL. Serra, Alckmin e Fernando Henrique chegaram juntos ao prédio da Assembléia, cercados por seguranças e por uma claque montada pelo partido. Houve confusão e empurra-empurra na hora em que os três entraram no palco, com casos de pessoas empurradas contra a parede. À exceção do ex-governador, que respondeu a algumas perguntas, Serra e Fernando Henrique deixaram o local sem falar com a imprensa.

PSDB deixa cargo de vice de Serra em aberto e deve insistir com PMDB

O PSDB paulista oficializou a candidatura de José Serra para o governo e decidiu prosseguir nas negociações em busca de um vice de outro partido. Os tucanos pretendem insistir com o PMDB, que lançou ontem a candidatura de Orestes Quércia para o governo. Os partidos ainda têm até o dia 30 para fechar as chapas.

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