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São de um homem e uma mulher os dois corpos encontrados pelas equipes de resgate na região de mata fechada onde estão os destroços do avião da Gol que caiu na sexta-feira em Mato-Grosso. Não houve sobreviventes. As buscas pelos corpos das outras 153 pessoas que viajavam no vôo 907 foram retomadas na manhã desta segunda-feira. Os corpos encontrados foram levados para a base aérea da Serra do Cachimbo num avião Bandeirante.

As equipes de resgate - cuja a base de operações se encontra na Fazenda Jarinã, a 40 km do local da queda - também buscam as duas caixas pretas do Boeing 737-800 da Gol, que caiu após colidir com um jato executivo Legacy, que fazia seu primeiro vôo após sair da fábrica da Embraer, em São José dos Campos (SP), rumo aos Estados Unidos, com escala em Manaus.

Fontes citadas em reportagem de "O Globo" levantam a hipótese de ter havido uma falha do controle de tráfego aéreo. Uma falha de comunicação entre as torres de controle de Manaus e Brasília pode ter sido responsável pelo choque as duas aeronaves. Segundo a fonte, o jato Legacy da Embraer, que decolara de São José dos Campos (SP) para ser entregue ao cliente nos EUA e abasteceria em Manaus, voava a 37 mil pés (dez mil metros), com autorização da torre de Brasília. Por solicitação do piloto do Boeing, a torre de Manaus teria autorizado que a aeronave da Gol subisse de 35 mil para 39 mil pés. Como as duas torres não teriam se comunicado sobre a decisão, teria havido o choque.

A diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, confirmou - após análises da caixa-preta do Legacy - que, de fato, houve uma colisão. Mas ela defendeu o pessoal da Aeronáutica e minimizou a possibilidade de falha, em terra, no controle do tráfego aéreo:

- Ainda que você tenha todos os dados da aeronave americana, você não tem ainda as caixas pretas da Gol. As informações precisam ser cruzadas para, a partir disso, você ter uma conclusão (...) O que dá para afirmar é que houve a colisão. O Brasil conquistou uma posição internacional de absoluta segurança de vôo. É a segunda maior aviação do mundo, com pouquíssimos acidentes. Não há que se colocar em dúvida, por ora, que tenha havido alguma falha no controle do espaço aéreo. É de quase zero esta possibilidade - disse.

Segundo a diretora da Anac, uma comissão do órgão regulador do mercado de aviação dos Estados Unidos (National Transportation Safety Board, ou NTSB), chegará ao Brasil nesta terça-feira para acompanhar as investigações da causa do acidente.Milton Zuanazzi, presidente da Anac

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que o sistema anticolisão do Legacy estava operacional. Segundo ele, o aparelho teria sido testado antes de o jato decolar - ele saiu da fábrica em São José dos Campos na própria sexta-feira - e também em sua chegada na Base Aérea de Cachimbo, no Mato Grosso, onde a aeronave fez o pouso forçado após avarias decorrentes do choque com o avião da Gol.

A Força Aérea Brasileira divulgou foto do Legacy, na qual se vê uma parte da asa esquerda quebrada.

No Mato-Grosso, o comando das equipes de busca está esperando a visita de uma comissão de seis parentes das vítimas do acidente. Eles devem sair da Fazenda Jarinã para sobrevoar, de helicóptero, o local da queda, e observar como são complicadas as condições de busca. A Gol prometeu transportar parentes das vítimas que desejarem acompanhar as buscas, além de ajudar nos custos com alimentação, hospedagem e auxílio funerário. .

Um grupo de índios caiapó liderado por Megaron Txukarramãe está ajudando nas buscas.AMERICANOS NO COMANDO DO LEGACY

Avião Legacy, da Embraer O jato Legacy 600, de bandeira americana, estava sob o comando de dois pilotos dos EUA, que foram neste domingo para São José dos Campos onde vão prestar novos esclarecimentos e ajudar as investigações da Embraer, fabricante da aeronave.

Além deles, estavam no Legacy dois executivos da empresa que comprou o avião, um jornalista americano - que estava fazendo uma reportagem sobre a Embraer - e dois funcionários da fabricante brasileira. O grupo prestou depoimento à Polícia Civil do Mato Grosso durante a madrugada, em Cuiabá.

Segundo Milton Zuannazzi, o grupo afirmou ter visto, instantes antes do acidente, apenas uma sombra, seguida de um barulho. Imediatamente depois, o Legacy, segundo os passageiros e tripulantes, teve que pousar. O presidente da Anac afirmou ainda que os depoimentos reforçam a tese de que houve mesmo uma colisão entre o Legacy e o Boeing.

- Eles (os tripulantes e passageiros do Legacy) dizem que não viram nada. Mas isso é absolutamente normal. Pois, imagine dois aviões a 800 km/h. Eles se encontram a 1.600 km/h. Nestas condições, você só vê mesmo uma sombra e um barulho. Não vê mais nada mesmo - afirmou Zuannazzi.

Zuannazzi disse que a abertura das caixas-pretas deve mostrar, por exemplo, a posição em que os aviões estavam, o contato com a torre e as autorizações dadas aos comandantes pela supervisão do espaço aéreo.

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