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O mau exemplo vem de onde não deveria. O corregedor-geral da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), ignora solenemente os trabalhos do Conselho de Ética, do qual é membro nato. Ele tem acento garantido pela relevância do cargo que ocupa.

Responsável por investigar falhas na conduta de seus colegas, o corregedor sequer comparece às reuniões do conselho. Das 80 sessões do órgão realizadas do início de 2005 até esta quinta-feira, Ciro compareceu apenas a oito. O levantamento do GLOBO foi feito a partir de análise das atas de todas as reuniões, onde constam os nomes dos presentes e dos ausentes.

Das quatro sessões de julgamento de cassação de mandato ocorridas no Conselho nesse período, o corregedor participou de apenas uma, a de Roberto Jefferson (PTB-RJ), deputado que acusou o partido de Ciro de envolvimento no esquema do mensalão. O corregedor votou pela cassação de Jefferson, mas restringiu-se a dizer 'sim' e não fez discurso, prática comum no órgão. Apesar disso, ele se ausentou das sessões de cassações de José Dirceu (PT-SP) e de Romeu Queiroz (PTB-MG).

Ciro Nogueira não relata também qualquer processo no órgão. Ele só esteve presente nas reuniões mais concorridas do conselho, que tiveram mais visibilidade, como os depoimentos de Jefferson e José Dirceu, além do de Pedro Corrêa (PP-PE), presidente de seu partido. As outras foram de aprovação de depoimentos de envolvidos no escândalo e de testemunhas. Das oito reuniões que Ciro participou, três foram em junho, três em agosto, uma em setembro e a última em novembro.

O regulamento do Conselho de Ética, criado em 2001, assegura ao corregedor uma vaga no órgão. O artigo 9 do documento diz que o corregedor participa de todas as deliberações 'com direito a voz e voto' e ainda pode 'promover as diligências de sua alçada necessárias aos esclarecimentos dos fatos investigados'.

A assessoria de Ciro Nogueira justificou a sua ausência nas reuniões do conselho com o argumento de que o corregedor, em 2005, presidiu várias reuniões da comissão de sindicância da Corregedoria. O deputado não retornou ao contato do GLOBO, porque estaria no interior do Piauí.

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), lamentou ou a ausência do corregedor.

- É uma pena que ele não compareça. É o corregedor da Câmara - disse Ricardo Izar.

O regimento do conselho prevê ainda que o partido do corregedor tenha um representante a menos, já que uma vaga está garantida. O deputado Pedro Canedo (PP-GO), que é suplente, ocupa a vaga de Ciro Nogueira. Canedo é o relator do processo contra o Professor Luizinho (PT-SP).

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