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Brasília – A CPI dos Correios aprovou ontem a convocação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Ainda não há data marcada para ouvir os depoimentos. Os integrantes da CPI querem saber se Dirceu sabia dos empréstimos feitos pelo empresário Marcos Valério, cujos recursos eram repassados ao PT, conforme assumiram o ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e o ex-secretário-geral da legenda, Sílvio Pereira. Pizzolato, por sua vez, admitiu ter sacado recursos das contas de Valério, mas não revelou qual seria o destino do dinheiro.

A decisão de convocar Dirceu, tomada enquanto o deputado depunha no Conselho de Ética da Câmara, foi motivo de uma discussão prolongada na comissão parlamentar de inquérito. A sessão chegou a ficar suspensa por quase duas horas para que oposição e governo chegassem a um acordo sobre os requerimentos de convocação.

Os deputados e senadores da base de apoio do governo queriam, em troca do depoimento de Dirceu, convocar o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo (MG), para explicar a utilização de recursos da empresa de Marcos Valério em sua campanha à reeleição do governo de Minas Gerais em 1998, mas não houve consenso.

Azeredo depôs ontem espontaneamente à CPI e levou documentos que mostrariam que suas contas de campanha foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e que um ex-coordenador de sua campanha admitia ter operado, por sua responsabilidade, com caixa 2, mas sem o consentimento do senador.

O embate travado entre os parlamentares dificultou a retomada de votações de requerimentos na comissão. "O PSDB precisa explicar como o senador Azeredo operou na formação de caixa 2, na eleição de 1998. Porque a declaração feita por ele aqui, na CPI, foi insuficiente", disse o deputado Jorge Bittar (PT-RJ). Em resposta, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) atacou: "O senador Azeredo esteve aqui, prestou esclarecimentos, trouxe provas e documentos, coisa que ninguém do PT fez até agora. Acreditamos que o foro adequado para a discussão não é esta CPI". Acompanhando toda a discussão entre os dois lados, a deputada Denise Frossard (PPS-RJ) sentenciou: "Isso é torpeza bilateral entre oposição e governo. Estou fora dessa".

Hoje, a diretora financeira da empresa SMP&B, Simone Vasconcellos, e o policial mineiro David Rodrigues Alves deporão à comissão parlamentar. Amanhã, os membros da CPI voltam a discutir requerimentos e podem votar a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos fundos de previdência da Petrobrás (Petrus), do Banco do Brasil (Previ), Real Grandeza (Furnas) e Funcef, da Caixa Econômica Federal.

De acordo com o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), foram aprovados também cerca de 50 requerimentos que pediam a convocação de testemunhas do processo. Para agilizar os trabalhos da comissão, os parlamentares decidiram que esses depoimentos serão tomados pela Polícia Federal e posteriormente encaminhados à CPI. O sub-relator da CPI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) informou que a equipe que está analisando os documentos encaminhados pelos bancos foi reforçada ontem por quatro novos auditores, que devem auxiliar nos trabalhos de análise de documentos.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o acontecimento mais importante da semana, até o momento, foi o fato de a gerente administrativa da SMP&B, Simone Vasconcelos, ter entregue à Polícia Federal uma lista de 31 nomes na qual estão descriminados sacadores e beneficiários de R$ 55,8 milhões retirados das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Segundo Dias, essa lista é "uma prova documental irrefutável" e, por si só, já poderia embasar a instauração de processos de cassação de diversos parlamentares. Entre os nomes citados por Simone estão os dos deputados paranaenses José Borba (PMDB) e José Janene (PP), apontados como beneficiários de saques no valor de R$ 2,1 milhões e R$ 4,1 milhões, respectivamente.

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