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Por 19 votos a um, a CPI dos Correios aprovou nesta quarta-feira o pedido de prisão preventiva e bloqueio dos bens do publicitário Marcos Valério, suspeito de ser o operador do mensalão. Segundo os parlamentares, a prisão preventiva é importante para impedir que Valério destrua provas de irregularidades cometidas por suas empresas e para proteger a vida do publicitário. Como a CPI não tem poderes para determinar a prisão de ninguém, a não ser em casos de flagrante, cabe agora ao Ministério Público decidir se formaliza o pedido à Justiça. O único voto contrário foi do deputado Nelson Meurer (PP-PR), segundo quem Valério tem colaborado com a Justiça e prestado seus depoimentos, além de possuir residência fixa em Belo Horizonte.

Também foi aprovada pela CPI a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de todas as empresas de Marcos Valério e de sua mulher, Renilda Santiago de Souza, desde 1997. A comissão aprovou ainda a quebra do sigilo de Valério e de suas empresas no Banco de Brasília (BRB) desde 2003.

Na terça-feira, uma gravação telefônica feita pela polícia - com autorização da Justiça - trouxe novos indícios sobre a destruição de provas. A fita chegou às mãos da senadora Heloisa Helena. São ligações telefônicas entre o contador Marco Aurélio Prata, que presta serviço a Valério, e o irmão dele, o policial civil aposentado Marco Túlio Prata Neto, conhecido como Pratinha. Pratinha foi preso no dia 14 de julho com armas, munição e muitos documentos da empresa DNA Propaganda, boa parte queimada.

A gravação foi feita no dia 23 de junho e mostra uma articulação para tentar esconder documentos da Polícia Federal. Abaixo, um trecho da conversa:

Pratinha: Cadê a sua mulher, tá aonde?

Marco Aurélio: Tá lá naquele lugar que ela trabalha.

Pratinha: Pois é, então você podia mandar ela ir lá então naquele outro local que é onde é que ela não trabalha e fazer a limpeza que precisa fazer e pronto, ué?

Marco Aurélio: Tá, mas ir pra onde?

Pratinha: Uai, não sei, põe aonde você quiser, uai, traz, traz, leva pra onde você quiser, ué. Agora, o importante é você não pôr a cara, né?

Marco Aurélio: Tá.

Pratinha: A Polícia Federal é eles não são bobos, não. Eles já estão com tudo na mão numa hora dessas".

Em outro trecho, Pratinha diz ao irmão para mandar um advogado ao escritório de contabilidade que está sendo vasculhado pela Polícia Federal.

Pratinha: Tinha que ter um advogado lá principalmente pra ficar presente pra não deixar seus funcionários conversar fiado porque perto do advogado eles iam ter medo de ficar falando as coisas.

Marco Aurélio: Não, mas lá não tem nada não. Lá não tem. Eu presto serviço fora, a papelada é toda fora, eu não tenho nada lá não.

Pratinha: Pois é, eu sei disso, mas tem a língua dos outros que mata mais do que bala.

Nova de ValérioEm nota divulgada nesta quarta-feira, Marcos Valério afirma não conhecer Marco Túlio Prata e nada ter a ver com a conversa telefônica entre Pratinha e o irmão Marco Aurélio. O publicitário diz ainda que não "pediu ou autorizou a inutilização de qualquer documento da DNA Propaganda".

No texto, Valério argumenta que não é o único responsável pelas empresas SMP&B Comunicação e da DNA Propaganda. Ele ressalta que em cada cheque emitido pelas agências devem constar as assinaturas de, pelo menos, dois sócios. Sendo assim, afirma Valério, eventuais questionamentos também devem ser feitos aos demais sócios.

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