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O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), informou na tarde desta quarta-feira que estão na pauta da reunião desta quinta 64 requerimentos, entre eles os que convocam ex-ministros da Saúde para depor. A oposição quer convocar Humberto Costa, candidato do PT ao governo de Pernambuco, e o deputado Saraiva Felipe (PMDB - MG). Já os governistas querem chamar José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo e ministro na gestão de Fernando Henrique. .

Biscaia antecipou que os requerimentos serão votados por ordem de apresentação e reafirmou sua posição contrária à convocação de ex-ministros. Ele acredita que essa convocação servirá para criar conflitos eleitorais.

- Os que querem que a CPI chegue a um bom termo não querem que esses requerimentos sejam aprovados - disse.

A CPI também deverá ouvir na quinta-feira o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, acusado de chefiar a máfia das ambulâncias. O empresário, réu confesso, não apareceu para depor na manhã desta quarta-feira, à CPI dos Sanguessugas, na sede da Polícia Federal, em Brasília. De acordo com o advogado Otto Medeiros Júnior, que defende o empresário, seu cliente não compareceu pois não foi notificado.

- Nós não temos bola de cristal para saber que iria haver depoimento – justificou o advogado.

A defesa de Vedoin afirmou ainda a Biscaia que o empresário estava amedrontado e com receio de se expor, indo a Brasília. O deputado garantiu, por sua vez, que o depoimento será reservado e que ele será escoltado até a Polícia Federal para evitar contato com a imprensa.

Segundo Biscaia, o juiz do caso em Mato Grosso já tomou todas as providências para notificar Vedoin, informando-o de que, se ele não for depor na CPI, perderá a liberdade provisória.

O sub-relator de Sistematização da comissão, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), criticou a postura do empresário.

- Estamos tratando do chefe de uma organização criminosa e não podemos ficar notificando e aguardando que ele compareça. Se ele fosse requisitado através de um juiz, certamente estaria presente porque se não comparecer teria sua liberdade revogada - afirmou .

Os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Júlio Delgado (PSB-MG), integrantes da comissão, chegaram a afirmar que, se Vedoin não comparecesse espontaneamente, a Polícia Federal o levaria à força.

- Sua ausência na CPI mostra que ele disse mais do que sabia e deu uma floreada. Ou ele omitiu muita coisa que aqui na CPI, como não tem delação premiada, ele teria de dizer e confirmar. A sua ausência é uma característica forte de envolvimento e que o seu depoimento não é tão sincero quanto muitos imaginavam - afirmou Delgado.

A CPI deve também esclarecer suspeitas de envolvimento dos governadores de Piau, Wellington Dias, e do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, com a máfia das ambulâncias. Segundo integrantes da comissão, assessores diretos dos governadores teriam sido citados pelo pai de Luiz Antônio, Darcy José Vedoin, no depoimento em Cuiabá.

- Ele tem citações de transações que foram negociadas por assessores em nome dos estados do Piauí e do Mato Grosso do Sul, que envolve o envolvimento dos mesmos. Nós estamos checando as informações e vai ser importante a presença do Luiz Antônio inclusive para poder tirar essas dúvidas até que grau de comprometimento os assessores envolviam os governadores - disse Delgado.

Em nota oficial, o governo de Mato Grosso do Sul negou qualquer envolvimento com a máfia das sanguessugas e afirmou que todas as compras feitas no estado foram através do sistema de pregão eletrônico. O governo do Piauí ainda não se manifestou sobre o assunto.

Em depoimento de nove dias à Justiça Federal, Vedoin revelou um mapa detalhado do esquema de fraude. Mas a CPI também decidiu convocá-lo para esclarecer alguns pontos contraditórios, necessários à conclusão do relatório, que será divulgado no próximo dia 10.

O novo depoimento poderá confirmar o envolvimento de mais dois senadores na fraude. Outros três - Magno Malta (PL-ES), Ney Suassuna (PMDB-PB) e Serys Slhessarenko (PT-MT) - já foram acusados pelo sócio da Planam . A Corregedoria do Senado começa a investigar oficialmente nesta quarta-feira os três suspeitos de receber propina da empresa para apresentar ou negociar emendas para a compra de ambulâncias.

Já as denúncias de envolvimento de ex-ministros e servidores do Executivo na máfia das ambulâncias não serão investigadas tão cedo. Apesar da criação da sub-relatoria da CPI para investigar o Executivo, o presidente da comissão, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), e os sub-relatores anunciaram que só iniciarão as diligências após a leitura do relatório preliminar sobre a participação dos deputados,e dos depoimentos dos ex-ministros Humberto Costa e Saraiva Felipe, da Saúde, depois das eleições.

Nesta quarta-feira, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse que o primeiro ex-ministro da Saúde a depor tem que ser José Serra.

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