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O jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves pode ter planejado a morte da ex-namorada Sandra Gomide. No dia do crime, 28 de agosto de 2000, chegou cedo ao haras Setti, e ficou esperando até que ela chegasse. Para o dono do haras, Delmar Setti, uma das testemunhas de acusação ouvidas nesta manhã pelo juiz Diego Ferreira Mendes, da 1ª Vara Criminal de Ibiúna, o crime foi premeditado. A sentença pode sair na noite desta quinta-feira. O jornalista é réu confesso e responde por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, sem possibilidade de defesa da vítima.

- Eu não posso provar que foi premeditado, mas eu não tenho dúvidas. Basta ver o tempo que ele ficou comigo (no dia do crime). Ele me enrolou o tempo todo para esperar a Sandra chegar e matá-la. Eu não tenho vergonha nem medo de dizer isso - disse Setti a jornalistas, logo após o fim do depoimento.

Setti passou boa parte da manhã do dia 28 de agosto de 2000 conversando com Pimenta Neves no haras. Ele contou que, no dia da morte de Sandra, Pimenta Neves chegou ao haras bem cedo e ficou aguardando a chegada da ex-namorada. Assim que ela chegou, ele tentou arrastá-la para o carro. Sandra correu, ele atirou pelas costas e caiu. Pimenta Neves se aproximou e atirou mais uma vez, desta vez na cabeça.

Para o psiquiatra Marcos Pacheco de Toledo, da Unifesp, que cuidou de Pimenta Neves depois do crime por 40 dias, disse que o jornalista era brilhante do ponto de vista intelectual, mas que não consegue lidar bem com as emoções. Na avaliação dele, o crime não foi premeditado, mas facilitado pela presença da arma.

- Minha sensação é que houve encontro entre a perda de controle e o porte de arma - disse Toledo.

Segundo o pai de Sandra, João Gomide, ouvido como testemunha de acusação, Pimenta Neves andava armado com um revólver calibre 38, o mesmo que teria sido usado para matar Sandra. O jornalista foi descrito por ele como um homem arrogante, prepotente e que queria se mostrar poderoso, pois citava com freqüência que era amigo de ministros e secretários de Estado.

- Ele queria muito mandar nela, ser o proprietário dela. Ele falava que queria casar com minha filha, mas não apresentava a família dele. No início ela gostava dele, dizia até que queriam ter dois filhos, mas depois não gostava mais - afirmou Gomide ao juiz.

Gomide contou que, depois do fim do namoro, Pimenta Neves passou a perseguir Sandra, ameaçando e difamando a jornalista para evitar que ela arrumasse emprego em outros lugares. Pimenta Neves era diretor do jornal 'O Estado de S.Paulo' e Sandra, editora de Economia. Depois do rompimento, ela deixou a empresa.

Durante boa parte do depoimento do pai de Sandra, Pimenta Neves ficou com a cabeça baixa e com a mão no rosto. Mudou também de posição na bancada, para evitar ficar lado a lado com o pai da ex-namorada. No lugar de sentar em uma das pontas, ficou no meio de seus dois advogados.

Gomide afirmou que, depois do fim do relacionamento dos dois, aconselhou Sandra a manter amizade com Pimenta Neves, para que não fosse prejudicada. Contou ainda que ele chegou a bater nela pelo menos uma vez depois do rompimento e a agredia verbalmente.

O pai de Sandra diz que tentou falar com Pimenta Neves, lembrar que ele era um 'homem de cultura' e não deveria agir daquela forma, mas não foi sequer atendido.

- Depois dessa agressão ainda chamei ele para almoçar na minha casa, para conversar. Não sabia que ele tinha intenção de matar - afirmou Gomide, lembrando que o jornalista chegou a pagar R$ 150 para que um vigilante contasse quando Sandra visitava o pai e foi até a casa dele acompanhado por seguranças para buscar presentes que teria dado a ela durante o namoro.

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