
Brasília - A versão do panetone e brinquedos para famílias carentes não colou e a cúpula do DEM quer o governador José Roberto Arruda fora do partido. Por orientação do advogado de Arruda, José Gerardo Grosso, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, o secretário de Ordem Pública do DF, Roberto Giffoni, negou no sábado que o vídeo em que o governador aparece recebendo R$ 50 mil de Durval Barbosa e guardando o dinheiro numa sacola de papel fosse propina. Seria uma doação, recebida em 2005, para ajudar na compra de brinquedos e panetones que seriam distribuídos para crianças.
A direção do Democratas agendou para hoje à tarde um encontro com o governador, quando ele vai tentar justificar as imagens gravadas e os documentos recolhidos pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), com indícios de um esquema de mensalão no governo do Distrito Federal (DF). A investigação mostra a coleta e distribuição de propinas pela base aliada, mas Arruda, orientado pelos advogados, quer transformar tudo em um "crime eleitoral". A investigação do mensalão do DEM envolve, além do governador, pelo menos mais quatro secretários e quatro deputados distritais
Apesar da estratégia do governador, a cúpula do DEM considera "letais" os vídeos em poder da PF, que foram gravados sob orientação da PF e com autorização do Judiciário pelo secretário demitido Durval Barbosa (Relações Institucionais). No fim de semana, ao sustentar a versão dos panetones, dirigentes do DEM consideraram a explicação "conversa pra boi dormir". "Eu disse a ele (Arruda) que precisamos de provas, fatos, argumentos. Não queremos versões. O partido é realista. O partido se curva aos fatos. Os fatos são devastadores", afirmou ontem o senador Demostenes Torres (DEM-GO). Na avaliação da direção do partido, a manutenção de Arruda no quadro partidário provoca um "desgaste brutal", o que prejudica os planos de recuperação em 2010 do espaço perdido na política nos últimos anos.
Um dirigente do partido disse ontem que "não há alternativa" para o governador que não seja a desfiliação dos quadros do DEM. Senadores e deputados já sabem que os demais vídeos em poder da PF são igualmente "devastadores" para a imagem do governador e do partido.



