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Parlamentares paranaenses reagiram ontem às declarações da atriz Íttala Nandi, contratada pelo governo do estado para coordenar a Escola Sul-Americana de Cinema e Televisão. Íttala, em entrevista à Gazeta do Povo, disse que os paranaenses eram deprimidos e que o Paraná vive um clima de repressão e fascismo. Também chamou os italianos, poloneses e alemães – etnias formadoras do povo paranaense – de "segmentos sociais mais repressores" do mundo. Íttala, embora desempenhe uma função pública no Paraná, tem participado de gravações da novela "Caminhos do Coração", da Rede Record, no Rio de Janeiro.

O deputado estadual Ney Leprevost (PP) disse que vai encaminhar um ofício ao governador Roberto Requião (PMDB) pedindo informações sobre o contrato de Íttala Nandi com o governo e os resultados do trabalho dela no Paraná. "Gostaria de saber como é o contrato, qual o período de trabalho, como ela faz para cumprir expediente e os resultados efetivos. Vou enviar também ofício à Casa Civil pedindo mais informações."

Leprevost informou ainda que, em nome da Assembléia Legislativa, vai pedir que a atriz faça um retratação aos imigrantes paranaenses ofendidos por suas declarações. "Caso ela se recuse, vamos entrar com uma ação na Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público contra ela, que agiu com racismo de origem étnica. As pessoas têm de entender que racismo não é só contra os afrodescendentes."

Na Câmara de Curitiba, o assunto também repercutiu. O vereador e líder do prefeito Beto Richa (PSDB) na Câmara, Mário Celso Cunha (PSDB), disse que a classe política da cidade ficou revoltada com as palavras da atriz. "Íttala, já em fim de carreira, recebeu uma grande oportunidade do Paraná e não soube aproveitar. A situação do curso é caótica. E além disso, ela aparece pouco por lá (na escola), pois grava novelas no Rio de Janeiro."

Mário Celso pediu que Íttala seja declarada "persona non grata" em Curitiba e afirmou que a população não pode aceitar "que uma senhora que recebe do governo para orientar e educar fale besteiras, como dizer que há repressão em todas as partes do estado, que os alunos são depressivos e que os paranaenses devem se misturar a pessoas de outros lugares para se equilibrar e abrir a mente".

Já o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), líder do governo no Legislativo, disse que Íttala acertou em alguns posicionamentos e se equivocou em outros. "Ela fez uma leitura sociológica interessante da sociedade curitibana, mas de 30 anos atrás. Em algumas coisas ela tem razão, mas prefiro mil vezes Curitiba ao Rio de Janeiro. No caso do fascismo e nazismo, ela fez uma leitura equivocada. Curitiba é uma cidade cosmopolita e está inserida no contexto nacional." Sobre o contrato firmado com o governo do estado, porém, o peemedebista afirmou desconhecer os detalhes. "Mas deve ter sido feito dentro dos princípios da legalidade."

A Gazeta do Povo tentou entrar em contato com Íttala Nandi, mas ela estava no Rio de Janeiro, para a festa de estréia da novela "Caminhos do Coração", segundo o coordenador técnico da escola, André Faria, que tem o mesmo tipo de contrato que a atriz com o estado. "Amanhã, ela estará em Curitiba. Ela vai trazer parte do elenco da novela para conversar com os alunos."

Ontem, um grupo de alunos da escola – os estudantes não se identificaram nominalmente – enviou e-mail à Gazeta do Povo afirmando que as declarações de outros estudantes reclamando do curso de cinema foram "unilaterais" e que "o curso, mesmo estando em implementação, apresenta uma infra-estrutura qualificada, assim como seu corpo docente". Sobre as palavras da coordenadora quanto a serem depressivos, eles não se manifestaram.

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