Depois do silêncio inicial, advogados de defesa ensaiam o discurso que farão para reverter a situação dos auditores fiscais presos na Operação Publicano, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). De acordo com defensores ouvidos pela reportagem, a principal linha de raciocínio é contestar as delações premiadas e o comportamento dos delatores, que até agora contribuíram para que 15 auditores fossem denunciados – dez deles estão presos e dois, foragidos. O argumento é o de que empresários com grandes dívidas com o Fisco estariam tentando se vingar dos agentes que os puniam.

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Os auditores são acusados de pedir propina a empresários em troca da amortização ou da anulação de dívidas milionárias ou para sonegar impostos. Os advogados falam em pelo menos 18 colaboradores com a investigação, entre empresários e contadores.

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O primeiro a botar a estratégia na rua foi Eduardo Duarte Ferreira, que defende Miguel Arcanjo Dias, um dos auditores foragidos. “É a velha fala de bandido contra polícia. Até agora não vi nenhum empresário que tenha dito que paga regularmente o imposto, que paga tudo direitinho. Não vi isso nos depoimentos.”

O advogado afirmou que os empresários delatores estão atingindo pessoas com “20, 30 anos de serviço público”. “De repente, devedores do Estado vão e começam a atingir os auditores fiscais como se fosse uma verdadeira caça às bruxas”, argumentou. “O que se vê são diretores de grandes empresas reclamando contra fiscais. Eu vejo sonegadores confessos. E a palavra sonegador tem de ser relevada”, afirmou.

Ferreira não adotou uma das linhas mais comuns entre advogados de réus, que é a de bater de frente com os investigadores. “Acho que o Ministério Público está certo, tem de investigar.”

Outro lado

O coordenador do Gaeco de Londrina, Cláudio Esteves, disse que todos os acordos de delação premiada são negociados com os advogados e referendados pela Justiça. Segundo ele, nos casos de delação premiada, “a gravação não é obrigatória”, apenas uma “recomendação da lei, se for possível”.