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| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

As delações da Odebrecht são esperadas como uma bomba que vai arrastar nomes do PMDB e do PSDB para o centro da Lava Jato, mas também podem ser fatais para o ex-presidente Lula. Dois executivos o identificaram como sendo o “Amigo” que, pelas planilhas de propina da empreiteira, recebeu R$ 8 milhões. A suspeita já existia desde outubro de 2016. A defesa do ex-presidente nega.

Nos bastidores, há a expectativa de que o petista figure na segunda lista de denunciados do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Como os nomes já ventilados nas delações envolvem senadores, ministros e o próprio presidente da República, Michel Temer, a denúncia da PGR será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF). A tendência, porém, é de desmembramento das ações que não envolvam agentes com foro privilegiado.

OUTRO LADO: Leia nota em que Lula nega ser o “Amigo” da planila da Odebrecht.

Nesse caso, a denúncia contra Lula, se confirmada, seria encaminhada ao juiz Sergio Moro, titular da 13.ª Vara Federal do Paraná. A força-tarefa tem outros documentos fazendo menção ao codinome “Amigo”, apreendidas na 14.ª fase, em junho de 2015, quando foram presos Marcelo Odebrecht e outros executivos da empreiteira.

E-mails que foram vazados pelo jornalista Fausto Macedo, do jornal Estado de S. Paulo mostram negociações com integrantes do governo federal em negócios da Odebrecht e da Braskem – empresa petroquímica controlada pelo Grupo Odebrecht e que tem participação da Petrobras.

Nos e-mails há referências a viagens do “Amigo” para Equador, Peru e Colômbia em 2013, na mesma época que Lula esteve nesses países, conforme agenda do Instituto Lula. Também é citada a sigla EO – referência provável a Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira e muito próximo ao petista. Em mensagens mais antigas, de 2007, há referência nominal ao então presidente: “Quanto ao material sobre investimentos socioambientais pedido pelo pres. Lula está sendo preparado para envio na sexta”, diz a mensagem enviada por Marcelo Odebrecht.

Além do material apreendido e das delações dos 77 executivos da empreiteira, a força-tarefa da Operação Lava Jato conta ainda com o apoio formal da Odebrecht S.A., holding do grupo, a qual se responsabilizou por atos ilícitos praticados em nome de suas controladas. A Braskem S. A. também se comprometeu a ajudar.

Leniência

O apoio foi formalizado nos acordos de leniência assinados em dezembro. “Nos dois acordos, as empresas revelaram e se comprometeram a revelar fatos ilícitos apurados em investigação interna, praticados na Petrobras e em outras esferas de poder, envolvendo agentes políticos de governos federal, estaduais, municipais e estrangeiros”, diz nota divulgada à época pela força-tarefa.

Lula nega propina da Odebrecht

Na terça-feira (7), quando vieram à tona as delações indicando que a alcunha “Amigo” nas planilhas da Odebrecht se referiam a Lula, o ex-presidente se defendeu. Nota divulgada no site do petista diz que “o ex-presidente jamais teve o apelido de ‘amigo’. Se alguém eventualmente a ele se referiu dessa forma isso ocorreu sem o seu conhecimento e consentimento”.

Para seus filiados, o PT defende que Lula está sofrendo perseguição e que isso se intensificou a partir do momento em que ele se destacou nas pesquisas de intenção de voto em 2018.

Leia a íntegra da nota:

“O ex-presidente Lula teve seus sigilos fiscais e telefônicos quebrados, sua residência e de seus familiares sofreram busca e apreensão há mais de um ano, 68 testemunhas foram ouvidas em processos e não foi encontrado nenhum recurso indevido para o ex-presidente.

Lula jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa.

O ex-presidente jamais teve o apelido de “amigo”. Se alguém eventualmente a ele se referiu dessa forma isso ocorreu sem o seu conhecimento e consentimento.

Se delação premiada não é prova, o vazamento seletivo de suposta delação não tem qualquer valor jurídico e não pode dar base a qualquer ilação”.

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