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O delegado federal Ramon Almeida da Silva, responsável pelo inquérito que investiga a queda do Boeing 737-800 da Gol no dia 29 de setembro, disse nesta terça-feira, na comissão do Senado criada para tratar do assunto, que há fortes indícios de que o sistema anticolisão (transponder) do jato Legacy, que se chocou com o Boeing, estava desligado. Para o delegado, possivelmente o desligamento tenha sido involuntário. Segundo ele, o Legacy voou por mais de 50 minutos com o sistema anticolisão desativado.

A Polícia Federal chegou a essa conclusão com base nas conversas dos pilotos do jato registradas pela caixa-preta do avião. Segundo o delegado, eles só constataram que o aparelho estava desligado depois do choque, quando o religaram. Para Ramon, os pilotos deveriam ter percebido que o aparelho não funcionava.

- Se estivesse ligado, o acidente não teria ocorrido - afirmou o delegado.

Uma das hipóteses para o desligamento, apresentada pelo delegado aos parlamentares da comissão, é que os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino tenham acionado algum botão sem querer, desligando o transponder. Segundo Ramon, não há elementos que indiquem que houve falha eletrônica no aparelho. Para ele, o desligamento voluntário também é muito pouco provável, por se tratar de um equipamento muito importante para a segurança da aernonave e porque não existem elementos que mostrem a realização de manobras para testar o avião, como chegou a ser cogitado logo após o acidente, o que justificaria o desligamento do aparelho.

Durante a audiência, a viúva de uma das vítimas do acidente Eulália de Carvalho, que era casada com Luiz Antônio Pereira de Carvalho, fez perguntas ao delegado e se emocionou, chegando a chorar quando falava do acidente.

- Entendemos que o sigilo (das investigações) é necessário, mas continuamos sem saber, de fato, o que aconteceu. Tivemos o maior acidente da América Latina e o relatório é muito importante porque vamos ter que negociar acordos. É terrível dizer isso, mas eu perdi o chefe da minha família - lamentou Eulália.

A viúva manifestou preocupação com a forma como seriam movidas ações judiciais para reparação das perdas e com o fato de os pilotos americanos já terem voltado para os Estados Unidos.

- A vida humana não tem valor e a nossa legislação é muito frágil sobre isso - disse.

O delegado respondeu dizendo que gostaria de já estar com o relatório pronto, mas ressaltou que a investigação é muito difícil:

- Já identificamos uma falha (o desligamento do transponder) e temos indícios de outras, mas essa é uma investigação sem precedente na história da polícia. A colisão aconteceu possivelmente porque o sistema de uma das aeronaves estava desligado, mas não posso dizer aqui o que eu penso ou o que eu acho porque só provocaria mais confusão - afirmou Ramon.

O delegado não descartou a possibilidade de indiciar no inquérito, além dos dois pilotos, algum dos controladores de vôo, mas disse que isso ainda está sendo apurado:

- Tínhamos elementos para fazer (o indiciamento) dos pilotos e ainda não sabemos se ocorrerão outros, mas podem existir - explicou o delegado.

Segundo ele, a próxima pergunta que as investigações vão ter de responder é por que o jato Legacy voava a 37 mil pés de altitude, destinada à rota do Boeing da Gol. O delegado lembrou que nem todos os controladores de vôo que atuavam foram ouvidos e que o próximo passo é também avaliar se a conduta dos controladores influenciou na dos pilotos.

Mais cedo, em audiência pública na Câmara, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, informou que a estatal vai contratar mais 40 controladores de vôo civis em 2007.

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