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"Eu sou PT de formação e de coração, portanto quero voltar a militar no partido." Delúbio soares, ex-tesoureiro do PT | Antônio Cruz/ABr
"Eu sou PT de formação e de coração, portanto quero voltar a militar no partido." Delúbio soares, ex-tesoureiro do PT| Foto: Antônio Cruz/ABr
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Vida de ex "Ainda não desencarnei", admite Lula

Evaristo Sá/AFP

Lula: com vontade de fazer caravanas pelo país

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Guarulhos, na Grande São Paulo, que tem evitado comentar os temas nacionais porque fez um acordo com a presidente Dilma Rousseff de não intervir nos assuntos do governo. Além disso, ele argumentou que a decisão tem por objetivo dar uma lição aos antecessores. "Queria ensinar a alguns ex-presidentes como é importante ser um ex-presidente sem dar palpites", afirmou, em uma referência implícita ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, com quem tem trocado farpas nas últimas semanas.

Lula disse que ainda não conseguiu "desencarnar" da Presidência. "Eu ainda não desencarnei totalmente do meu mandato de presidente. Não é uma tarefa fácil." Durante os 55 minutos de discurso, ele disse que está com "uma comichão", uma vontade forte, de voltar a viajar e fazer caravanas pelo país. "Eu estou com vontade de tudo, mas tenho de me controlar. Só com autocontrole vou conseguir desencarnar", brincou.

Expulso do PT há cinco anos e meio, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de Castro protocolou ontem, em reunião da Executiva Nacional petista, o pedido para ser reintegrado ao partido. Ao contrário do que fez em 2009, quando enviou longa carta ao PT, expondo o que definiu como "calvário" pessoal, Delúbio apresentou desta vez um texto curto, solicitando a refiliação.

O ex-tesoureiro, defenestrado no rastro do escândalo do mensalão, tem apoio para retornar ao PT. Conta com o aval de aproximadamente 59 dos 84 integrantes do Diretório Nacional. Embora haja divergências em relação à conveniência política de apreciar o pedido de Delúbio nesse encontro do fim de semana, a tendência é que a refiliação seja mesmo aprovada no sábado.

"Do meu ponto de vista, esse não é o melhor momento para essa votação", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). "A partir do momento em que houver a reintegração [do Delúbio], esse assunto voltará à tona e, com a repercussão normal, a possibilidade de interferência no julgamento é grande", emendou ele, numa referência ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal previsto para 2012.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não tem uma posição sobre o retorno de Delúbio. "Primeiro, eu nem apoio e nem desapoio (sic), porque eu não sou do Diretório Nacional. Ninguém me consultou e eu não estarei lá para votar", justificou o ex-presidente.

Lula recomendou que os dirigentes do partido tratem da situação "com a maior sensatez possível". "Acho que o Delúbio é um cidadão comum até que se prove o contrário. Ninguém pode condenar uma pessoa a priori. Vamos aguardar que haja o julgamento", defendeu.

Presidência

O deputado estadual Rui Falcão deve permanecer como presidente interino do PT até setembro, quando o partido promoverá um congresso extraordinário para reformar o seu estatuto. Por problemas de saúde, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, está irredutível na intenção de renunciar ao cargo hoje, na reunião do Diretório Nacional petista.

O mandato-tampão é visto por muitos petistas como alternativa para evitar uma sucessão apressada no partido. Em setembro, por ocasião do congresso do PT, o diretório pode se reunir e escolher o novo presidente. "Queremos fazer um grande ato político", afirmou Francisco Rocha, coordenador da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Há, porém, divergências sobre a condução do processo dessa forma. "Se o Dutra realmente sair, precisamos eleger logo um novo presidente", disse o deputado Ricardo Berzoini (SP). Antecessor de Dutra no comando do PT, Berzoini afirmou que a interinidade provocará mais desgaste, além de "especulações".

Cotado para ocupar o cargo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), não quis esticar a polêmica. "Estou fora dessa cogitação", afirmou. Ex-ministro da Saúde, Costa é, atualmente, o nome com maior trânsito no Palácio do Planalto. Mesmo assim, o mais provável é que a escolha do presidente do PT fique para setembro.

Rui Falcão já presidiu o PT em 1994, quando Lula disputou a segunda eleição presidencial. No ano passado, foi um dos coordenadores da campanha de Dilma à Presidência e entrou em rota de colisão com Fernando Pimentel, hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. À época, tanto Falcão quanto Pimentel tiveram os nomes envolvidos em denúncias relativas à espionagem de tucanos. Os dois sempre negaram as acusações.

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