"Eu sou PT de formação e de coração, portanto quero voltar a militar no partido." Delúbio soares, ex-tesoureiro do PT| Foto: Antônio Cruz/ABr
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Expulso do PT há cinco anos e meio, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de Castro protocolou ontem, em reunião da Executiva Nacional petista, o pedido para ser reintegrado ao partido. Ao contrário do que fez em 2009, quando enviou longa carta ao PT, expondo o que definiu como "calvário" pessoal, Delúbio apresentou desta vez um texto curto, solicitando a refiliação.

O ex-tesoureiro, defenestrado no rastro do escândalo do mensalão, tem apoio para retornar ao PT. Conta com o aval de aproximadamente 59 dos 84 integrantes do Diretório Nacional. Embora haja divergências em relação à conveniência política de apreciar o pedido de Delúbio nesse encontro do fim de semana, a tendência é que a refiliação seja mesmo aprovada no sábado.

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"Do meu ponto de vista, esse não é o melhor momento para essa votação", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). "A partir do momento em que houver a reintegração [do Delúbio], esse assunto voltará à tona e, com a repercussão normal, a possibilidade de interferência no julgamento é grande", emendou ele, numa referência ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal previsto para 2012.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não tem uma posição sobre o retorno de Delúbio. "Primeiro, eu nem apoio e nem desapoio (sic), porque eu não sou do Diretório Nacional. Ninguém me consultou e eu não estarei lá para votar", justificou o ex-presidente.

Lula recomendou que os dirigentes do partido tratem da situação "com a maior sensatez possível". "Acho que o Delúbio é um cidadão comum até que se prove o contrário. Ninguém pode condenar uma pessoa a priori. Vamos aguardar que haja o julgamento", defendeu.

Presidência

O deputado estadual Rui Falcão deve permanecer como presidente interino do PT até setembro, quando o partido promoverá um congresso extraordinário para reformar o seu estatuto. Por problemas de saúde, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, está irredutível na intenção de renunciar ao cargo hoje, na reunião do Diretório Nacional petista.

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O mandato-tampão é visto por muitos petistas como alternativa para evitar uma sucessão apressada no partido. Em setembro, por ocasião do congresso do PT, o diretório pode se reunir e escolher o novo presidente. "Queremos fazer um grande ato político", afirmou Francisco Rocha, coordenador da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Há, porém, divergências sobre a condução do processo dessa forma. "Se o Dutra realmente sair, precisamos eleger logo um novo presidente", disse o deputado Ricardo Berzoini (SP). Antecessor de Dutra no comando do PT, Berzoini afirmou que a interinidade provocará mais desgaste, além de "especulações".

Cotado para ocupar o cargo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), não quis esticar a polêmica. "Estou fora dessa cogitação", afirmou. Ex-ministro da Saúde, Costa é, atualmente, o nome com maior trânsito no Palácio do Planalto. Mesmo assim, o mais provável é que a escolha do presidente do PT fique para setembro.

Rui Falcão já presidiu o PT em 1994, quando Lula disputou a segunda eleição presidencial. No ano passado, foi um dos coordenadores da campanha de Dilma à Presidência e entrou em rota de colisão com Fernando Pimentel, hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. À época, tanto Falcão quanto Pimentel tiveram os nomes envolvidos em denúncias relativas à espionagem de tucanos. Os dois sempre negaram as acusações.

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