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A demissão de dois petistas do Ministério da Cultura deixou irritados setores do partido. Nesta terça-feira, um dia depois de divulgar nota condenando as demissões, o secretário nacional de Cultura do PT, Glauber Piva acusou o ministro Gilberto Gil de desrespeitar o partido e não consultar formalmente a legenda para trocar postos chave da Pasta.

Piva reclamou da forma como foram feitas as exonerações do presidente da Funarte, o ator Antônio Grassi, e do secretário de Articulação Institucional da pasta, o antropólogo Márcio Meira. Piva teria sido informado das demissões apenas pela imprensa e anunciou que pedirá uma audiência com Gil para cobrar explicações sobre o episódio.

— As relações entre o governo e o partido têm que ser formais, claras, transparentes, republicanas. Vamos solicitar formalmente uma audiência com o ministro para saber o que aconteceu. A briga não é pessoal, em nome do Antônio Grassi ou do Márcio Meira. A grande questão não é essa. Mas exigimos respeito na relação do ministro com os partidos que compõem o quadro de coalizão. Esperamos isso do Gil e de todos os outros ministros — disse Piva.

Para ocupar o lugar de Grassi, Gilberto Gil convidou o também ator Celso Frateschi, que é irmão do presidente do diretório do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, e comandou a Secretaria de Cultura paulistana na gestão de Martha Suplicy. Apesar do

novo ocupante do cargo ser ligado ao partido, Piva afirmou que o PT nacional não foi consultado sobre a indicação.

— O Frateschi é um excelente quadro, fez uma excelente gestão em São Paulo. A Funarte sem dúvida estará em boas mãos, como estava com Grassi. Ele não é nem melhor, nem pior; está no mesmo nível do antecessor e terá todo o apoio do PT. Mas tem que fazer esse tipo de troca de forma clara — contestou.

Na segunda-feira, a Secretaria de Cultura do PT divulgou uma nota na página do partido na internet para protestar contra a forma como as exonerações foram feitas. "Eles merecem respeito. Manifestamos nosso total desacordo, no mérito e na forma.

Estamos convencidos de que demitir alguém pela imprensa, e ainda mais por intermediários, não honra o Ministério da Cultura", diz a nota.

O texto ressalta que ambos os demitidos tiveram uma gestão exemplar. Segundo a nota, Grassi teria reerguido a Funarte "depois de um longo período de abandono". Já Márcio Meira teria trabalhado pela aprovação da emenda constitucional que institui o Plano Nacional de Cultura pela Câmara dos Deputados. "Salta aos olhos a contradição entre a avaliação interna e externa altamente positiva do desempenho dos dois e a disposição do ministério, confirmada pela imprensa, de demiti-los", diz a nota.

Na segunda-feira, Piva publicou também um artigo na página do PT na internet para reforçar o recado a Gilberto Gil: "Se fazemos parte da coalizão de governo, entendemos que devemos ser ouvidos pelos ministros da mesma maneira que o presidente tem nos ouvido, isto é, formalmente, com antecedência e sem privilégios; como os outros partidos. A Secretaria Nacional de Cultura do PT quer conversar com o ministro Gil, debater os rumos de sua gestão e reafirmar o seu compromisso com o programa apresentado pelo presidente Lula", escreveu o secretário petista.

Segundo notícia publicada no último dia 5 na página do Ministério da Cultura na internet, Grassi foi comunicado da exoneração no dia 27 de dezembro. O ministério não divulgou o motivo da demissão. Nesta terça, mesmo diante da reclamação de Piva, Gilberto Gil informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que o assunto já está encerrado e, portanto, não responderia a nenhuma acusação.

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