Delegado Waldir: defensor ferrenho das armas.| Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

Figura já conhecida na Casa, o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) anda assustando os colegas, nos corredores da Câmara e no plenário, com o apetrecho que leva na cintura, debaixo do paletó e colado ao cinto. Waldir circula com o coldre, a cartucheira, de sua pistola 380, mas assegura que deixa a arma na sua caminhonete, no estacionamento. Ao cumprimentá-lo, alguns parlamentarem já notaram a presença do equipamento. Acreditam que ele esteja armado no Congresso, o que é proibido pelo regimento da Câmara.

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VÍDEO: Deputado defende e a propaganda de xerife

O deputado tucano, que obteve maior votação em Goiás com o slogan “vote 4500, 45 do calibre e 00 da algema”, diz que não tira o coldre por uma questão de comodidade. “Dá um trabalho danado. Tem que tirar o cinto e depois, na hora de ir embora, tem que colocar tudo de novo”, diz Waldir, que, quando está na sua caminhonete, coloca a pistola na cintura.

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“Alguns deputados vêm falar comigo, me cumprimentam e mostro, sem problema. Tem gente que percebe, mas prefere não falar nada. Mas logo mostro que se trata só do coldre. Estou consciente que não se pode andar armado aqui, nem deixo a pistola no gabinete”.

Waldir não trata o assunto com segredo e exibe o coldre para os colegas. O problema são os desavisados, que se assustam. O assunto foi levado ao comando da Câmara e é tratado com seriedade pelo primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), que pediu que o Departamento de Polícia Legislativa (Depol) averigue. “Não sei quem é que anda. E o regimento é bem claro sobre isso e proíbe arma em qualquer instalação da Casa”, diz Mansur.

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O artigo 271 do Regimento Interno diz que é proibido porte de arma nos edifícios da Câmara e suas áreas adjacentes. Constitui infração disciplinar, além de contravenção. O corregedor, Beto Mansur, tem poderes para mandar revistar e desarmar.

Barracos

O tucano diz ser contra parlamentar andar armado. “A arma aqui é o discurso”. E tranquiliza Mansur. “O corregedor pode ficar tranquilo. Se a preocupação é comigo, pode relaxar. Não trago arma aqui para dentro”.

Na sua pistola, cabe um carregador com vinte munições. Ele ainda tem um extra. Waldir gosta de exibir seu currículo de delegado. “Fui o delegado que prendeu mais gente em Goiás nos últimos quinze anos. Deve chegar a três mi”.

O parlamentar diz que sempre tem que apartar discussões mais acaloradas na Câmara, que ameaçam descambar para as vias de fato. “Tem mais barraco aqui do que nas delegacias onde atuei”.

Ele diz que, se necessário, está pronto para dar voz de prisão na Câmara e, ainda se necessário, ajudaria a levar algum parlamentar detido. “O clima está tenso. Tem a polícia legislativa, mas, se precisar, ajudo numa ação. Inclusive para conduzir algum colega. Do que jeito que as coisas estão, nunca se sabe”.

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