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Elton Welter (PT), líder da oposição na Assembleia, que admitiu que as ameaças poderiam ter relação com processos que correm contra ele no TJ | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Elton Welter (PT), líder da oposição na Assembleia, que admitiu que as ameaças poderiam ter relação com processos que correm contra ele no TJ| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O deputado Elton Welter (PT), líder da oposição na Assembleia Legislativa do Paraná, afirmou ontem ter sofrido pressão e ameaças para votar em Fabio Camargo na eleição de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TC), realizada em 15 de julho. Em meio a investigações a respeito de suposto tráfico de influência no pleito, o petista foi o primeiro parlamentar a admitir que houve "interferências externas" na escolha. Questionado sobre a origem da pressão, ele disse que não citaria nomes por não ter provas da acusação.

O pai de Fabio, desembargador Clayton Camargo, é investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por tráfico de influência na eleição do TC. Na época do pleito, Clayton era presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ). A suspeita levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a pedir o afastamento de Fabio do TC. Dias antes, Clayton já havia sido afastado cautelarmente do TJ pelo CNJ, numa decisão que levou em conta essa e outras suspeitas contra o desembargador.

No procedimento que tramita no CNJ, o Ministério Público Federal (MPF) cita a coincidência de o Órgão Especial do TJ paranaense ter aprovado, no mesmo dia em que Fabio tomou posse no TC, o projeto de lei que garantiria ao governo paranaense ter acesso aos depósitos judiciais não tributários de posse da Justiça estadual.

Foi justamente esse projeto o ponto de partida para que Welter revelasse ter sofrido ameaças na eleição do TC. Segundo ele, foi usado "um poder de influência muito forte na Casa". "Houve uma articulação dos três poderes para a eleição do TC, que forçou a aprovação dessa lei."

O petista declarou ainda que foi procurado pessoalmente no gabinete, nos corredores da Assembleia e até na rua para que votasse em Fabio. Mesmo tendo sofrido ameaças com "ênfase e determinação", ele afirmou que votou no deputado Plauto Miró (DEM), 2.º colocado no pleito.

"[Houve] ameaça, influência externa dos poderes. Ameaça: a palavra fala por si. Todo mundo tem medo do Poder Judiciário", admitiu. Ao ser indagado sobre os responsáveis por essas ameaças, disse que não poderia revelar nomes por não ter gravações ou filmagens para comprovar a acusação. "[Eram] emissários. [Falavam] em nome pessoal. Mas acredito que foram orientados a falar, a pedir." Mais uma vez sem citar nomes, Welter afirmou ter sido pressionado, inclusive, por parlamentares. Quando Welter foi questionado se as ameaças envolveriam a tramitação de processos judiciais contra ele no TJ, respondeu apenas um "pode ser". O petista ainda declarou que decidiu falar porque não suporta mais o jogo de dissimulação e o faz de contas no meio político.

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