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Lewandowski: cotas são ilegais | Fábio Pozzebom/ABr
Lewandowski: cotas são ilegais| Foto: Fábio Pozzebom/ABr

Enquanto os ministros do STF elaboravam ontem a súmula vinculante que acabaria com o nepotismo nos três poderes, parlamentares articulavam nos corredores do Congresso uma "lei de cotas" para parentes – ou seja, uma legislação para instituir um número de familiares que os deputados poderiam empregar em seus gabinetes. A proposta, sem autor assumido, foi rechaçada pelos ministros do tribunal. À noite, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), colocou panos quentes na discussão e garantiu que nenhum projeto do gênero terá sucesso.

O descontentamento de parte dos congressistas diz respeito às contratações feitas com verbas de gabinete. Cada deputado tem direito a R$ 60 mil por mês para empregar entre 8 e 25 funcionários de confiança, sem a necessidade de concurso público. Já os senadores têm R$ 97,4 mil mensais para o pagamento de secretários parlamentares.

O autor da súmula vinculante no STF, ministro Ricardo Lewandowski, descartou a possibilidade das cotas. "Essa lei teria que ser confrontada com o artigo 37 da Constituição. Certamente poderá ser testada perante o STF porque fere os princípios da imoralidade, impessoalidade e eficiência."

Por outro lado, tanto Lewandowski quanto o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, evitaram confrontos com o Poder Legislativo e ajudaram a ampliar a ambigüidade da decisão de ontem. "À primeira vista, secretário parlamentar me parece um cargo administrativo (sujeito às novas regras antinepotismo). Não quero me manifestar em tese, preciso examinar a lei que criou esse cargo", disse o autor do texto.

Mendes foi além e chamou o Congresso de "irmão" do STF. Ele disse que não é intenção do Poder Judiciário entrar em confronto ou concorrer com o Legislativo na elaboração de normas. Citou ainda os projetos em tramitação para a criação de uma legislação específica contra o nepotismo. Para o ministro, essas proposições não foram ofuscadas pela súmula editada ontem. "Eu sei que no Congresso há a proposta de uma emenda constitucional que poderá dar outra dimensão ao tema e que, se aprovada, será objeto de outra disciplina." Na verdade, há dois projetos antinepotismo em fase final de tramitação. Ambos já foram aprovados em comissões e dependem apenas da aprovação dos plenários do Senado e da Câmara.

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