Da esquerda para direita: Luiz Eduardo Cheida: "Nunca houve fantasma". Reni Pereira não foi encontrado pela reportagem. Nereu Moura: "Sempre condenei essa prática." Procurado, Alexandre Curi não quis fazer comentários. Nelson Justus não foi localizado pela Gazeta| Foto: Fotos: Albari Rosa e Hugo Harada/ Gazeta do Povo
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Não houve nenhuma irregularidade na contratação de servidores. Essa é a alegação de todos os envolvidos na investigação do Ministério Público Estadual (MP) que apura o caso dos quase mil fantasmas na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep): o presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB); seus funcionários e ex-funcionários; e os outros cinco deputados estaduais que também poderiam ter tido servidores que não trabalharam, segundo o MP.

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O presidente da Assembleia vai além e diz que as denúncias surgidas neste momento envolvendo seu nome fazem parte de uma campanha de desmoralização comandado por colegas parlamentares, que teriam tido interesses contrariados desde que ele assumiu o comando do Legislativo, em fevereiro.

Segundo Rossoni, existem deputados – principalmente da gestão anterior da Casa – descontentes com várias medidas tomadas pela atual Mesa Diretora da Assembleia e isso estaria por trás das investigações do Ministério Público, embora as que envolvem servidores de seu gabinete tenham começado em junho do ano passado, muito antes de ele assumir a presidência da Casa.

"Há um grupo interessado em me desmoralizar para voltar [a Assembleia] ao que era antes", afirma Rossoni, sem citar nomes. Ele diz estar tranquilo com relação às investigações conduzidas pelo MP. "Quanto mais me investigarem, antes eu vou provar que não devo nada à Justiça."

Rossoni diz não haver problemas inclusive com a contratação da filha e do genro no seu gabinete. "Respeitei a lei. Antes, [a contratação de parentes] não era irregular", defende-se. O deputado refere-se à Súmula n.º 13, editada em 2008 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que proibiu a contratação de parentes em órgãos públicos.

Mariana Rossoni e o marido dela, Francisco Gaida Junior, trabalharam no gabinete do parlamentar até 2006. "Eu fazia levantamento de eleitores. Naquele tempo, o TRE [Tribunal Regional Eleitoral] não divulgava no site o número de eleitorado, este tipo de coisa", justifica Gaida Junior. Ele foi contratado na Assembleia entre 2001 e 2006.

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Outros parlamentares

O deputado Nereu Moura (PMDB) também nega qualquer irregularidade envolvendo funcionários fantasmas e levanta a possibilidade de que teriam colocado servidores no gabinete dele sem o seu consentimento. "Meu gabinete nunca teve fantasma, muito menos na primeira-secretaria. Jamais admiti, sempre condenei essa prática", diz Moura. "Estão querendo colocar todo mundo na mesma vala. A não ser que tenham posto essas pessoas de forma criminosa na minha relação de funcionários, porque os meus [servidores] sempre trabalharam."

O deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB) afirma que nunca existiu funcionário fantasma no seu gabinete. "Nunca houve funcionário que recebesse sem trabalhar". Procurado pela reportagem, o deputado Alexandre Curi, também do PMDB, diz que vai aguardar o término da investigação para depois se manifestar. Reni Pereira (PSB) e o ex-presidente da Assem­bleia Nelson Justus (DEM) não foram localizados para comentar a investigação.

Funcionários

Os funcionários e ex-servidores do gabinete de Rossoni suspeitos de serem fantasmas também negam problemas e asseguram que prestaram serviços ao Legislativo paranaense. Dos 13 investigados, a Gazeta do Povo entrou em contato com nove servidores. Outras três pessoas não foram localizadas pela reportagem e uma delas morreu recentemente.

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"Eu trabalhei na área de comunicação", diz um dos investigados, o radialista Brittes Antônio Brittes, de União da Vitória, Região Sul do Paraná. "Eu fui assessor de assuntos externos. Hoje eu trabalho aqui dentro; sou funcionário do diretor de pátio", afirma Ari Valdecir Nogueira.