
Mergulhada na mais grave crise política e econômica desde sua chegada ao poder, a presidente Dilma Rousseff poderá ter uma das poucas boas notícias de seu governo a 6,5 mil quilômetros de Brasília. Na terça-feira (30), a brasileira se reúne na Casa Branca com Barack Obama, o comandante da maior economia do mundo, que vive um momento oposto ao da petista, com popularidade em alta e desemprego em baixa.
A visita a Washington permitirá que Dilma projete a imagem de uma líder envolvida em debates globais e traga na bagagem a promessa de avanços em setores de interesse do setor privado. Entre eles, estão medidas de facilitação do comércio bilateral e a possibilidade de inclusão do Brasil no Global Entry, programa que acelera a passagem de pessoas na imigração americana.
A tarefa mais urgente, contudo, é o resgate da credibilidade do Brasil perante investidores internacionais, que ela buscará em uma série de encontros com representantes do mercado financeiro e CEOs na segunda-feira (29), em Nova York. Depois de ir a Washington, Dilma encerra sua visita na Califórnia.
Além dos acordos, o que estará em jogo é a reconstrução da relação com o país. A aproximação ensaiada no início do mandato de Dilma, em 2011, foi interrompida pela revelação de que a agência de espionagem americana, a NSA, monitorou comunicações da presidente brasileira.
Com a desaceleração da China, o esgotamento do boom das commodities, que impulsionou a economia brasileira em anos recentes, e o agravamento da crise doméstica, Dilma foi forçada a mudar de posição e a buscar o estreitamento dos laços com Washington.
Análise
“A visita tem o potencial de ser extremamente importante para Dilma, que poderá voltar ao Brasil com anúncios relevantes nas áreas econômica e financeira”, avaliou Jason Marczak, diretor adjunto do Adrienne Arsht Latin America Center do Atlantic Council. “No meio do boom das commodities, não havia fortes razões para o Brasil aprofundar sua cooperação com os Estados Unidos. O cenário mudou e o país terá de alterar seu modelo econômico global.”
“A solução de muitos dos problemas que a presidente enfrenta passa por uma relação produtiva com os Estados Unidos”, diz Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Wilson Center. Ele estima que dois terços da agenda de Dilma serão dominados por questões econômico-comerciais.
Entre os anúncios, estará a promessa de dobrar as vendas bilaterais nos próximos dez anos. Para isso, devem ser acordadas medidas de facilitação do fluxo de bens entre os dois países, que somou US$ 62 bilhões no ano passado, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento.



