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É só impostos, galera, relaxa. | Roberto Jayme/Reuters
É só impostos, galera, relaxa.| Foto: Roberto Jayme/Reuters

Alvo de fogo amigo até há pouco tempo, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é preparada há cerca de um ano, dentro do Palácio do Planalto, para ser candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010: ela já ganhou um ghost-writer (escritor fantasma) para escrever seus discursos, faz treinamento de mídia para entrevistas e tem a consultoria do marqueteiro João Santana. Embora Lula tenha dito, em Roma, que ainda não conversou com a ministra sobre o plano de torná-la sua herdeira, não é de hoje que ele dá conselhos à "afilhada" sobre como se aproximar dos aliados e até mesmo da oposição.

Mais sorridente e política, Dilma fez tratamento facial, mudou a cor do cabelo, mas conseguiu diminuir as resistências à sua candidatura nas fileiras do PT por motivo mais pragmático: o partido não tem concorrente natural para assumir o legado de Lula, que, desde 1989, foi o único candidato petista às eleições presidenciais.

Para piorar a situação, o PT também não projetou nenhuma liderança nas disputas municipais do mês passado, capaz de desafiar o desejo do presidente. Marta Suplicy foi derrotada em São Paulo e o governador da Bahia, Jaques Wagner, não emplacou o prefeito de Salvador.

"Eu acho que Dilma adquiriu jogo de cintura política e pode até aposentar aquele bambolê", disse o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara, que no início do ano mandou entregar o presente à ministra no auge da briga por cargos no setor elétrico.

Alves comparou o comportamento de Dilma ao do governador José Serra (PSDB), provável adversário da ministra na campanha ao Planalto. "Serra também era antipático e hoje é simpaticíssimo. Todos mudam", observou. Até agora, no entanto, o PMDB ocupa posição de espectador no jogo sucessório e namora tanto o PT como o PSDB. "O importante, antes da escolha de qualquer nome, é unir a base aliada para que possamos estar juntos em 2010", insistiu o líder do PMDB.

Pressão

A entrada de Dilma no páreo presidencial enfrenta contestações residuais no PT de Minas, do Rio Grande do Sul e em fatias do petismo em São Paulo. O ministro da Justiça, Tarso Genro, é o porta-voz dos descontentes gaúchos. Não sem motivo: depois que o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e o deputado Antonio Palocci (SP), ex-ministro da Fazenda, foram abatidos por escândalos, Tarso achou que era chegada a sua hora. Não foi.

Sem conseguir seu intento, o ministro trabalha para ser candidato ao governo do Rio Grande do Sul. "Nessa questão da sucessão à Presidência, eu estou subordinado ao presidente Lula que, como é óbvio, não me tem como pré-candidato", afirmou o ministro, resignado, ainda em agosto. Três meses depois, no entanto, às voltas com insistentes pressões do PMDB – de olho na sua cadeira porque quer controlar a Polícia Federal –, Tarso ainda não conseguiu parar de alfinetar Dilma, que quer fazer do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o carro-chefe de sua campanha.

Incensado por uma ala do PT que deseja um candidato "histórico" – e lembra que Dilma, egressa do PDT, é cristã nova no partido –, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, ainda acalenta o sonho de ser o preferido por Lula. Seus aliados torcem para que o presidente perceba a vocação de Patrus para o palanque. Argumentam, ainda, que o Bolsa Família será uma plataforma muito mais vistosa do que o PAC. Ao que tudo indica, porém, o destino de Patrus está atrelado ao governo de Minas ou ao Senado.

"Como é a primeira vez que Lula não vai disputar, é natural que esse debate seja feito no partido", avaliou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). "Mas o nome de Dilma já está na praça". Até na praça do Vaticano.

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